Entra ano, sai ano e sempre se fala sobre tendências. Na Comunicação Interna não seria diferente. Mas quais são, de fato, as tendências aplicáveis para os profissionais de CI em 2024? O que não deve ficar de fora do radar e do planejamento da área para uma atuação mais estratégica? E, o mais importante, como colocar essas tendências em prática?
Para te ajudar a encontrar essa e outras respostas, a Dialog – HR Tech líder em Comunicação Interna e Engajamento no Brasil – promoveu um aulão especial em parceria com a United Minds. Kelly Cufone, diretora de Projetos na United Minds, falou sobre o tema.
Você pode assistir ao aulão na íntegra clicando no player abaixo.
Tendências de Comunicação Interna: o que não deu certo
Antes de falar sobre as tendências de Comunicação Interna, a diretora reflete sobre o conceito e também sobre a possibilidade dos temas citados serem, de fato, aplicados de forma permanente na área.
Como exemplo, ela citou o metaverso. Essa tendência atingiu todo o seu potencial durante a pandemia (não só para a área de CI), mas – com o passar do tempo – se mostrou algo passageiro.
“Esse processo deu uma ‘flopada’ de certa forma, o que não quer dizer que o tema não vá ressurgir mais para frente. Porém, no momento que a gente está, o processo que se esperava, que era o ‘next big thing’, não aconteceu”, diz.
O que vem por aí
Para deixar claro o que é tendência na área de CI, a palestrante compartilhou uma fala de Marlene Marchiori, especialista em comunicação:
“A comunicação eficaz será aquela que se mostre adaptável ao ritmo da mudança, que tenda a se intensificar e assegure as condições para que o diálogo necessário se dê num esquema de influenciar e ser influenciado na busca pelo que é certo.”
E como atingir isso? Kelly explica que é necessário conhecer o público interno, identificar onde estão essas pessoas, entender como alcançá-las, definir qual é o orçamento que a área possui e estruturar a divisão das atribuições. “Pensar esses pontos para poder se planejar é extremamente importante”, afirma.
Além disso, ela separou as tendências de Comunicação Interna em 3 pilares: mercado de trabalho, cultura/sociedade e criatividade. Confira um pouco mais sobre eles a seguir.
Mercado de trabalho
- Experiência e jornada do colaborador
É inegável o fato de que grandes mudanças aconteceram nos últimos anos: novos modelos de trabalho, uma outra geração, tecnologias inovadoras e economias diversas.
Tudo isso mudou as expectativas dos colaboradores, que passam a querer mais do que um “simples” salário. Nesse sentido, a experiência e a jornada passam a contar (e muito!).
Kelly lista 5 qualidades que as pessoas buscam nas empresas, ressaltando que a Comunicação Interna deve apoiar outras áreas para garantir que haja essa percepção por parte dos colaboradores. Esses atrativos são:
- Segurança psicológica e no cargo;
- Ambiente de trabalho positivo;
- Pares de confiança;
- Salários e benefícios competitivos;
- Recursos para ter sucesso.
Ela complementa o argumento ao afirmar que profissionais querem mais significado, flexibilidade, equilíbrio e, além disso, também querem entender melhor onde se encaixam no futuro da organização.
Um estudo mostrou que há 8 vezes mais engajamento por parte dos colaboradores quando líderes seniores fazem com que eles se sintam empolgados com o futuro.
Cultura/sociedade
- Criação de comunidades
A palestrante comenta a relação entre o descontentamento das pessoas com as redes sociais, que muitas vezes são impulsionadas por um marketing agressivo e trazem um grande fluxo de informações, tornando impossível o foco.
Esse descontentamento, segundo Kelly, direciona as pessoas a pequenas comunidades em busca de autenticidade. E é aí que a Comunicação Interna entra, principalmente por meio de seus canais.
A CI deve, junto com outras áreas, construir um ambiente de comunidade, de interação e de contato genuíno, onde colaboradores possam se expressar livremente.
Canais como a rede social corporativa permitem a segmentação do público e a criação de grupos, que nem sempre precisam ser relacionados a trabalho (o foco pode ser interesses em comum, como pets, livros, filmes etc.). A Dialog, por exemplo, conta com essas duas funcionalidades.
Essas comunidades criam e fortalecem relações dentro do ambiente corporativo, o que promove o engajamento de colaboradores e trabalha a cultura de forma leve e espontânea.
- Cuidado com a sobrecarga
Em complemento ao tópico anterior, Kelly fala sobre a disputa de atenção que a Comunicação Interna tem com todos os outros pontos de conteúdo que os colaboradores têm acesso, tanto dentro quanto fora da empresa.
A sobrecarga digital, também conhecida como infoxicação (termo que engloba o excesso de informação, não se limitando à esfera digital), impacta diretamente o foco das pessoas e, consequentemente, o trabalho de Comunicação Interna.
Afinal, se as pessoas não estão focadas, como vão absorver a informação que a CI quer passar? Para 2024, e provavelmente para os anos seguintes também, a área deve entender qual é a melhor estratégia para aprimorar o fluxo da comunicação.
São reflexões simples que podem ajudar, como: essa informação é necessária para todos os colaboradores ou é possível segmentar? Ou quais são os canais disponíveis e como posso utilizá-los com diferentes públicos?
“É importante que a gente reflita, enquanto comunicadores, o que a gente – de fato – precisa priorizar na comunicação. Como é que a gente vai fazer essa comunicação acontecer? Quais são os pontos relevantes que eu preciso passar? [É importante] fazer aquela reflexão básica de ‘eu preciso comunicar tudo?’. Eu preciso atender a todas as áreas em todos os momentos? Isso é estratégico para a CI? Essa comunicação específica está ligada à estratégia do negócio? Faz sentido dar tanta visibilidade a esse assunto?”, enfatiza.
- Inteligência Artificial
O uso de IA na Comunicação Interna já vem sendo discutido há certo tempo, e um detalhe que Kelly ressalta é a importância de criar diretrizes para a utilização dessa tecnologia. Essa regulamentação protege os profissionais da área e permite que o uso seja feito de forma organizada.
Kelly entende que a Inteligência Artificial se torna um direcional da criatividade. Mas como colocar em prática o uso dessa ferramenta? A resposta está no teste. É preciso testar e entender como montar briefings para essa tecnologia a fim de moldar os resultados. Entretanto, antes do teste, ela afirma que profissionais da área devem refletir sobre o impacto desse uso.
“Sempre que surge uma coisa nova, é importante que a gente pense como isso vai afetar a nossa composição e nossa atuação como área. Quando chegaram os aplicativos, as redes sociais corporativas e afins, a gente precisou repensar qual seria o impacto disso na Comunicação Interna: vamos dar mais voz aos colaboradores e isso vai permitir que os profissionais de CI sejam curadores de conteúdo, possam pensar na estratégia de negócio e mudar um pouco a forma de enxergar o seu papel na empresa. Com a Inteligência Artificial é a mesma coisa! Em tese, quando a gente faz um bom briefing dentro da ferramenta, ela vai trazer um retorno e você vai ganhar tempo, vai ter mais agilidade para fazer determinada entrega. Com o tempo que sobra, entre aspas, você pode ter outras atribuições no seu trabalho: olhar a Comunicação Interna de forma diferente, pensar em estratégia ou criar um projeto específico que às vezes fica de lado”, argumenta.
Leia também:
- Inteligência Artificial e Comunicação Interna: como impulsionar a produção de conteúdo
- 6 motivos para usar Inteligência Artificial na Comunicação Interna
Criatividade
Muito se fala de conteúdo, mas e do visual? Pensando nisso, Kelly cita algumas tendências criativas que podem ser aproveitadas pela área de Comunicação Interna na hora de criar seus comunicados.
- Opte por formas fluidas, elas acalmam os sentidos e apoiam o equilíbrio emocional;
- Use imagens que inspirem sensação de alegria sempre que possível;
- Explore a fusão de dimensões e formatos;
- Faça uma releitura de estilos vintage (é possível usar IA na criação dessas peças).
Os desafios do ano
Depois de explorar as tendências de Comunicação Interna, é hora de entender alguns dos desafios previstos para este ano.
A diretora de Projetos da United Minds cita o estudo da Aberje, que apontou que 54% das empresas enfrentam dificuldade de comunicar a estratégia e a cultura organizacional.
Outro dado relevante é que 44% das organizações enxergam a Comunicação Interna como uma forma de contribuir para melhorar a experiência do colaborador, embora encontrem dificuldades no processo.
O terceiro desafio já é um velho conhecido das empresas: fazer com que a Comunicação Interna alcance o público operacional.
“É importante que a gente, como área, repense o nosso papel: qual é o nível de maturidade que a gente tem hoje? (…) A gente tem essa referenciação da alta liderança sobre o papel da Comunicação Interna? Se não tem ainda, quais são os passos que a gente vai dar para que a área esteja na mesa de discussão sobre projetos, estratégias e discursos corporativos?”, reflete Kelly.
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