Silent, grumpy ou loud quitting: mais do que apenas insatisfação no trabalho

por | 01/08/2024 | Employee Experience, Parceiros, United Minds

Como millennial, filha de pais baby boomers, a relação com o trabalho sempre foi, de certa forma, contraditória. Meu pai trabalhou por 30 anos na mesma empresa. Minha mãe também seguiu a linha de trabalhar por décadas na mesma companhia até se aposentar. Eles acreditavam que o valor deles estava no trabalho que realizavam. Mesmo duas gerações depois, ainda vejo em mim esse pensamento.

Produtividade e performance ainda significam muito. Entregar sempre mais com muita qualidade continua sendo sinônimo de valor pessoal. Ao mesmo tempo, sinto a necessidade de que o trabalho não ocupe uma parcela tão grande da minha vida, dando espaço também para lazer, relacionamento e outras áreas tão importantes quanto. Mas como balancear esses aspectos ainda traz um pouco de dificuldade e até culpa, reflito: será que estou entregando tanto quanto posso no trabalho?

Para os gen-z, essa dúvida não é nem um pensamento passageiro. Eles sabem o que querem de suas carreiras e, acima de tudo, de suas vidas. Essa nova percepção mais desapegada em relação ao ambiente de trabalho deu origem a dois termos que estão em alta no mundo corporativo nos últimos tempos: quiet quitting e grumpy staying. 

Qual é o impacto dessa mudança para a cultura corporativa e, principalmente, para a Comunicação Interna? Primeiro, é importante entender esses dois conceitos e os sentimentos que estão por trás de cada um deles.

O quiet quitting é um termo que ganhou muita força após a pandemia. Os longos meses de lockdown trouxeram uma nova perspectiva para muitos profissionais e reforçaram o que grande parte dos gen-z acreditam: há mais na vida do que trabalho. A flexibilidade e a praticidade do modelo remoto também possibilitaram que esse olhar de equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional fosse apurado.

Porém, após as campanhas de imunização da população e o retorno ao mundo presencial, o movimento em prol do trabalho remoto está caindo. Uma pesquisa realizada pela Catho, divulgada em fevereiro deste ano, aponta que 60% das empresas pretendem voltar 100% ao presencial em 2024. Por outro lado, 70% dos profissionais preferem o modelo híbrido com um ou dois dias presenciais no escritório, de acordo com um levantamento da Bare International divulgado em 2023.

Essa disputa de preferências acabou gerando o fenômeno quiet quitting, que nada mais é do que fazer o mínimo em seu trabalho, sem desempenhar aquele esforço extra. Ao contrário da geração baby boomer, marcada pela lealdade ao empregador e a necessidade de fazer mais, a nova geração não considera essa fidelidade e dedicação como algo que deva ser reproduzido.

O termo pode ser traduzido como “desistir silenciosamente”, e é exatamente o advérbio de modo que o diferencia do grumpy staying. O que antes era uma insatisfação quieta em relação ao ambiente de trabalho, agora está aumentando o som. Conhecido também como loud quitting, esse movimento faz com que as reclamações não sejam mais sussurros pelos corredores, mas sim profissionais que falam abertamente, em alto e bom tom, que não estão satisfeitos, enumerando cada fator responsável por gerar esse sentimento.

Um ponto de atenção para as empresas e para os profissionais de Comunicação Interna é a facilidade com a qual esse sentimento pode ser espalhado, passando a afetar times e departamentos inteiros. O impacto na cultura e no clima é direto, além de também influenciar diretamente a produtividade e os resultados do negócio.

Mas o que pode gerar esse sentimento de insatisfação?

Podem ser inúmeras as causas, mas as principais são:

  • Insatisfação no trabalho: a falta de propósito, de desafios ou até a não percepção do valor de sua participação no trabalho podem gerar sentimentos de insatisfação e desvalorização.
  • Carga de trabalho e estresse: prazos apertados e falta de senso de priorização e urgência geram estresse que, consequentemente, diminui o engajamento. Além disso, é comum encontrarmos relatos de áreas defasadas em relação ao número de profissionais necessários para alcançar as metas determinadas.
  • Questões financeiras: a United Minds tem em seu portfólio de conteúdo o paper Diversão no Trabalho, que aborda diversos fatores capazes de fazer com que o ambiente de trabalho tenha um impacto positivo. Entre esses apontamentos, estão os salários competitivos.
  • Lideranças despreparadas: muitos líderes não estão preparados, e até não se sentem seguros, para lidar com profissionais que possuem esse alto índice de descontentamento.

Qual é o papel da Comunicação Interna?

O papel da Comunicação Interna é trazer a informação de forma transparente, no momento certo e com agilidade. Ou seja, uma das formas que a CI pode atuar é na visibilidade de projetos e ações realizadas na empresa que melhoram a experiência dos colaboradores.

Como guardiões da cultura corporativa, é importante que esse movimento de mudança e endereçamento desse clima negativo seja apontado. Os profissionais de comunicação podem ajudar esses líderes com treinamentos e na preparação de uma liderança comunicadora, por exemplo, acompanhando o processo de desenvolvimento desses profissionais para que eles possam ser meios de comunicação para ampliar a divulgação das mensagens e da estratégia da companhia.

A comunicação exerce um papel essencial para apoiar a jornada de entendimento do negócio. Conteúdos planejados e executados, considerando também a necessidade do público, são essenciais nesse processo de construção de propósito dos colaboradores. É fundamental que eles experienciem sua atuação na estratégia da empresa e entendam o real impacto que seu trabalho tem nos resultados para que, assim, esse sentimento negativo possa ser transformado em algo positivo.

Promover o reconhecimento é uma das formas de contornar e mudar o sentimento de insatisfação com o trabalho, um dos pontos do loud staying. E a CI pode ajudar nesse processo por meio de ações internas, divulgando programas de reconhecimento ou trazendo a voz do colaborador para dentro da comunicação oficial.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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