Saúde mental: um pacto para sempre

por | 24/04/2023 | Boas Práticas, InPress Porter Novelli, Parceiros

O caminho que as organizações estão pavimentando em suas estratégias de Comunicação Interna, diante dos novos cenários e desafios que permeiam o ambiente de trabalho, abriu definitivamente espaço para um tema que ganhou ainda mais destaque durante a pandemia: a preocupação legítima com a saúde mental dos colaboradores. 

Esse pilar tem feito com que as empresas invistam mais em assessments, mas não apenas nisso. Há um esforço genuíno em debater a criação de ambientes de segurança psicológica, acolhimento e escuta ativa, de modo a reforçar vínculos entre pessoas e marca empregadora. 

Fato é que o tema ganhou destaque na estruturação das políticas de EVP, denotando a dimensão exata da proposta de valor que as corporações entregam a seus empregados.

Há um bom tempo, temos alertado que a liderança deve assumir protagonismo a esse respeito, tanto na criação quanto na manutenção de uma cultura orientada à qualidade de vida.

 Antes de qualquer projeto ou ação de sensibilização sobre saúde mental, costumo sempre questionar as organizações: você conhece a fundo os fatores de risco psicossociais que podem comprometer o desenvolvimento dos colaboradores no dia a dia, ou mesmo alavancar indicadores de acidentes de trabalho, turnover e absenteísmo?

Se nunca parou para realizar esse diagnóstico, está mais do que na hora de empreender sobre o tema. O data driven a respeito de saúde mental compreende não apenas a aplicação de pesquisas, mas como fazer a leitura correta das informações coletadas de modo a estruturar posteriormente políticas e ações de Comunicação Interna engajadoras.

Três pilares importantes

Segundo a Pesquisa Global Health Service Monitor, feita pela empresa Ipsos em 34 países, os transtornos comportamentais e a saúde mental são a terceira maior causa de afastamentos de trabalhadores no Brasil.

O ambiente de trabalho e a liderança são apontados como fatores diretos para o aumento expressivo nos casos de burnout e ansiedade. Apenas 18% das empresas mantêm algum programa para cuidar da saúde mental dos seus colaboradores.

Diante do cenário, podemos eleger três fatores condicionantes de sucesso na criação de uma política de saúde mental. Fatores sem os quais toda e qualquer iniciativa corre o risco de naufragar. São eles: 

  1. Envolver as pessoas desde o marco zero da estruturação do projeto;
  2. Informar e capacitar (realizar letramento para desconstruir tabus);
  3. Dar suporte contínuo aos colaboradores, sobretudo às lideranças.

Os 4 C’s

Olhando para esses fatores de sucesso, do ponto de vista da Comunicação Interna, podemos trabalhar quatro atitudinais dentro de um chamado “ciclo virtuoso de diálogos” a respeito de saúde mental. 

Costumo, aliás, usar a expressão ciclo porque me arrisco dizer que se trata de um caminho sem volta, uma espiral de educação que, uma vez empreendida, não há como retroceder na decisão.

Certamente, você pode estar refletindo nesse exato momento sobre programas e ações de saúde mental que sofreram consideravelmente desinvestimento por parte das organizações nos últimos meses, deixando de ser um foco estratégico para elas, sobretudo quando o período pandêmico se atenuou. Ou mesmo, refletindo sobre empresas que fizeram com que o tema se tornasse uma “vaga lembrança” dos tempos de outrora, o que sem dúvida pode depor contra a reputação. 

O bom é que sempre é tempo para recomeçar. Concorda?

Mas, vamos aos 4 C’s:

1. Consciência

Saúde mental é responsabilidade de todos e precisa deixar de ser tabu, por isso o primeiro passo é conscientizar os profissionais sobre a importância do tema. Aculturando, inclusive, quem acabou de chegar à organização. Essa tomada de consciência é sempre individual. E assim deve ser trabalhada nas campanhas de Comunicação Interna, nos conteúdos dos canais e eventos planejados.

2. Cuidado

Em sua essência, o trabalho de todos é cuidar das pessoas e, para isso, os colaboradores precisam estar bem, pois só experimentando bem-estar é que eles conseguirão promovê-lo. Aqui estamos falando de integração, de senso de coletividade e colaboração. Ouvir sem julgamentos já é um primeiro atitudinal que faz toda a diferença no ambiente de trabalho. Revela acolhimento!

3. Conexão

É hora de aprender a cuidar do outro, a ter conversas corajosas, acolher e tratar de temas que não são fáceis de lidar, tudo isso de forma humanizada. Treinamentos sobre comunicação não violenta, empatia e consenso para lideranças de equipes facilitam caminhos. Já pensou que a Comunicação Interna pode ser uma facilitadora deles e, também, de grupos de trabalho ou rodas de discussão que promovam trocas sobre vivências?

4. Cultura

A verdadeira transformação não acontece por palavras, mas em ações. Nas organizações isso se traduz em uma cultura de alta segurança psicológica. E aqui temos o “walk the walk”. As lideranças, além de conduzirem o tema sob o prisma do bom exemplo dado, devem ser hubs de informação a respeito dos atitudinais desejáveis, reconhecendo os aderentes aos pilares de saúde mental, com rituais muito simples para isso. A saúde mental não pode ser vista como um tema que “rivaliza” internamente com os temas de negócios, pois são duas tratativas intimamente conectadas, que caminham lado a lado. 

Conhece o #MenteEmFoco?

Idealizado pela InPress Porter Novelli e pela Rede Brasil do Pacto Global, com endosso da Sociedade Brasileira de Psicologia, o #MenteEmFoco surgiu para abordar o tema da saúde mental de maneira permanente nas organizações, combatendo o preconceito e o tabu que ainda o permeiam.

A iniciativa tem como objetivo engajar o setor privado na jornada da Agenda 2030 e acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. 

O movimento #MenteEmFoco entra na plataforma para mostrar os avanços no ODS 3, de Saúde e Bem-estar. Mais de 60 empresas no Brasil já se tornaram signatárias dele, contando com uma rede de trocas sobre boas práticas e estruturação de ações afirmativas que, certamente, melhoram a vida de todos no planeta. 

Ao se tornarem signatárias do movimento, as empresas firmam seis compromissos:

  1. Ter um profissional de referência para aconselhamento e atendimento;
  2. Oferecer orientação e manejo de crises;
  3. Garantir a avaliação permanente dos colaboradores;
  4. Manter gestores engajados, com capacitação para atuar em relação ao tema e orientação sobre as melhores condutas, sendo agentes de transformação;
  5. Criar um programa antiestigma, promovendo debates abertos e intervenções em grupo com assuntos que busquem reduzir o estigma relacionado ao sofrimento psíquico, inserindo-o como pauta permanente na organização;
  6. Promover ações de incentivo à saúde mental, desenvolvendo campanhas e iniciativas para incentivar práticas culturais, esportivas, de nutrição, bem-estar, educação, entre outras, a partir de demandas identificadas.

Saiba mais sobre o movimento, clicando aqui

Assédio: agora uma responsabilidade da CIPA

Desde 20 de março de 2023, o combate aos casos de assédio moral e sexual no ambiente de trabalho passou a ser uma obrigação de todas as empresas brasileiras.

Uma das principais mudanças trazidas pelo Ministério do Trabalho determina que a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) passe a ter total responsabilidade sobre a gestão interna do tema, o que muitas vezes ficava sob a liderança de áreas como RH, Compliance, EHS ou Jurídico. 

Essa responsabilidade vai desde a estruturação de programas e políticas internas que encaminhem as normatizações vigentes, passando por campanhas e ações internas de sensibilização, prevenção e engajamento de colaboradores, até a preparação das lideranças para o acolhimento e recebimento de denúncias. Ou seja, isso também tem tudo a ver com saúde mental nas organizações.

O tema é delicado e precisa sempre ser abordado sob o prisma educacional. Muito além de estabelecer canais de denúncia, temos que promover letramento para as lideranças, falar com os colaboradores sobre comunicação não violenta, vieses inconscientes, diversidade e inclusão e ética. 

A Comunicação Interna deve ajudar as organizações no desenvolvimento de espaços de segurança psicológica, denotando como a cultura da empresa e as atitudes desejáveis, decorrentes dos seus valores, se conectam com o combate ao problema. 

As redes de multiplicadores internos, rodas de conversa sobre assédio e os programas de formação de lideranças representam um bom caminho para que a Comunicação comece a endereçar melhor o tema e não foque apenas em datas isoladas ao longo do ano ou em campanhas dentro da Sipat.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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