Premissas de responsabilidade ambiental e social e de governança devem fazer parte da cultura, mas a Comunicação Interna tem papel central na difusão da narrativa e no engajamento dos colaboradores nas ações
A implementação de políticas e ações práticas sobre ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) deixou de ser uma opção para as empresas e se tornou uma exigência da sociedade.
Consumidores, fundos de investimento, comunidades, imprensa, entidades da sociedade civil e colaboradores estão cada vez mais atentos à contribuição efetiva das organizações para as pessoas, o meio ambiente e o futuro do planeta, sobretudo diante das questões emergenciais climáticas, que aceleram a necessidade de mudanças estruturais e na gestão das operações.
Integrar o ESG ao cotidiano das empresas exige muito mais que a redação de políticas e guias ou mesmo que a elaboração de um bom planejamento. Isso demanda uma sensível evolução da cultura organizacional. Outro ponto essencial é que os colaboradores estejam no centro dessa transformação. Afinal, são eles que atuarão como patrocinadores do tema, dentro e fora da empresa, contribuindo para a reputação organizacional e ajudando a atrair e reter talentos.
Nesse contexto, a Comunicação Interna desempenha um papel crucial ao promover o entendimento sobre os pilares de ESG, o letramento das lideranças em todos os níveis e o comprometimento de todos com os pactos acordados pela organização. A CI tem a missão de promover interlocuções importantes perante os colaboradores e os times de diversas áreas.
É sobre essa posição de interlocutora que nós, do Grupo In Press, juntamente com parceiros como a Dialog, temos nos dedicado ao desenvolvimento de canais, rituais e ações de experiência voltadas aos empregados — com a participação deles nesse processo, inclusive, para que o diálogo se amplie, ganhando capilaridade.
Agir antes de contar
Empresas que adotam práticas de ESG conseguem se diferenciar no mercado, atraindo talentos e clientes que valorizam o compromisso com as questões ambientais, sociais e de governança. Um estudo da McKinsey, realizado em 2022, mostrou que produtos e marcas com posicionamento forte em ESG responderam por 56% do crescimento das vendas nos últimos cinco anos.
No entanto, é preciso cautela: com o aumento do interesse das pessoas pela sustentabilidade, vimos emergir, por exemplo, o conceito de greenwashing, termo que se refere a discursos sustentáveis que não se concretizam na prática.
Para preservar a reputação da empresa, é essencial adotar o princípio do “fazer antes de falar” (walking the talk). Nesse cenário, o colaborador assume um papel decisivo, atuando como elo entre ações genuínas da empresa e a comunicação sobre essas iniciativas. Afinal, estamos aqui trabalhando sobre a percepção, certo?
E como engajar os profissionais?
Para trazer verdadeiramente os colaboradores para discussões e decisões em ESG, é fundamental trabalhar o tema de forma transversal nas operações do dia a dia, simplificando a narrativa dentro dos canais de CI e estimulando a troca de vivências e dúvidas nas plataformas vigentes.
Um caminho bacana, por exemplo, é o trabalho com Programas de Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento (DEIP), que conectam diversas questões sociais a objetivos também de governança e de impacto ambiental. Começar a conectar a pauta ESG com pilares sobre DEIP pode ser uma estratégia efetiva, sobretudo para as organizações que já têm uma maturidade nisso.
O processo de escuta dos colaboradores é uma etapa importante também antes de implementar ações. Entender o ponto de vista de quem faz parte da empresa pode ser decisivo para o sucesso de iniciativas relacionadas ao tema.
E aí plataformas de engajamento, como a Dialog, podem fornecer dados e métricas interessantes que atestam o vínculo dos profissionais com determinados temas sensíveis. Mais do que ler, é importante analisar os dados que temos em mãos, diante dessa necessidade de escuta ativa.
Por exemplo, a implementação de um banheiro de gênero neutro pode ser visto de forma muito positiva em algumas organizações, enquanto em outras pode exigir uma adaptação gradual para alinhamento com a cultura organizacional. Compreender de fato a percepção dos colaboradores sobre a iniciativa ajuda a trazê-los para a mesa de decisões.
A Comunicação Interna, além de fomentar a escuta ativa, é quem dá voz às iniciativas, promove o entendimento acerca dos pilares de ESG correlacionados e conecta os colaboradores ao propósito central. Com uma narrativa consistente, a CI fortalece o senso de pertencimento, criando um ambiente onde os colaboradores se veem como parte essencial das transformações.
Na prática, isso significa realizar treinamentos, rodas de discussão, campanhas e iniciativas que promovam a conscientização, a participação e a construção ativa por parte dos profissionais e times. Canais digitais de CI possuem alcance para isso e facilitam a experiência e a troca. Pense nisso!
ESG e marca empregadora
Uma pesquisa da empresa Robert Half aponta que 71% dos recrutadores reconhecem o impacto das práticas ESG na construção e na gestão do Employer Branding.
Além disso, um estudo que vimos aqui, no Grupo In Press, feito pela Deloitte, mostra que 53% dos trabalhadores da geração Z escolheriam uma empresa com fortes práticas sociais e ambientais, mesmo que isso significasse um salário mais baixo.
Com isso, muitas empresas estão focando na construção de suas EVPs (Propostas de Valor para o Empregado) preocupadas em destacar os diferenciais da organização e em criar um ambiente de trabalho positivo. E uma EVP sólida precisa ser comunicada tanto interna quanto externamente. No entanto, a eficácia dessa proposta depende da percepção dos colaboradores, que são os embaixadores ou influenciadores da marca em primeira instância.
A construção de uma marca empregadora é um processo contínuo e de longo prazo. Não se trata apenas de comunicação, mas de ações concretas que envolvam todas as áreas. A Comunicação Interna garante que todos estejam alinhados e assegura que a proposta de valor seja entendida, reforçada e validada, seja por meio de canais ou por meio das lideranças.
Sustentabilidade corporativa
Outro tema essencial é a sustentabilidade corporativa, que envolve o investimento contínuo no desenvolvimento e bem-estar dos funcionários.
Esse aspecto inclui práticas voltadas à saúde, satisfação e produtividade dos colaboradores, essenciais para garantir o alinhamento com os princípios sociais e de governança do ESG. Algumas práticas sobre sustentabilidade corporativa:
- Gestão de pessoas sustentável: promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo, essencial para a longevidade da empresa.
- Valorização das pessoas: equipes bem treinadas e satisfeitas são mais produtivas, leais e ajudam a reduzir custos com rotatividade.
- Sustentabilidade e competitividade: práticas sustentáveis diferenciam empresas no mercado, atraindo talentos e clientes que valorizam responsabilidade.
- Resultados concretos: investir no desenvolvimento dos colaboradores impulsiona o crescimento e a estabilidade do negócio.
A integração de práticas ESG, portanto, é um caminho estratégico para fortalecer a competitividade, a marca empregadora e a sustentabilidade de longo prazo.
Mais do que comunicar, a CI constrói a base para um ambiente no qual as pessoas se sentem valorizadas, engajadas e protagonistas, promovendo interlocuções e trazendo aos executivos (C-levels) visões de mundo e benchmarks que podem ser incorporados. Uma “costura” que precisa acontecer de forma coletiva e bem alinhada em todos os ambientes, tanto no off-line quanto no digital.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.
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