A brusca transição para o trabalho remoto foi apenas uma das várias disrupções causadas pela pandemia. Como já falamos por aqui, o cuidado com a saúde mental tornou-se prioridade para empresas e o tema segue forte em 2022. Pensando no retorno ao trabalho presencial, de forma integral ou não, as organizações precisam estar preparadas para lidar com uma possível ansiedade por parte dos colaboradores.

Em entrevista para a Forbes Brasil, Grazi Piva, diretora de Relações Humanas na EDC, alertou sobre a dificuldade em convencer alguns profissionais a voltarem para os escritórios. “Estamos notando que as pessoas estão resistentes a ir ao escritório, a pegar um transporte público, trânsito, estar no meio de muita gente. Os motivos podem ser muitos, desde a ansiedade social até o medo do contágio e a presença de comorbidades”.

De tão latente, o sentimento já ganhou nome: FORTO (fear of returning to the office ou medo do retorno ao escritório, em português). Ele se caracteriza pelo medo de se contaminar com o vírus e também o temor em se socializar.

Entendendo o cenário, como as áreas de RH e Comunicação Interna podem ajudar no combate à ansiedade pós home office? Falaremos sobre o tema neste artigo, confira!

A realidade agora é outra

É importante entender que as pessoas conhecem os benefícios do trabalho remoto e, acima de tudo, sabem que é possível ter alta performance nesse modelo. A visão positiva é comprovada: segundo estudo da Fundação Dom Cabral, Grant Thornton, Emlyon Business School, 58% consideram que trabalhar em casa era mais produtivo.

Isso dificulta muito tornar atrativo o trabalho presencial e um retorno aos escritórios, levando a uma resistência que pode causar ansiedade e afetar os funcionários. 

Por esse motivo, as áreas de RH e Comunicação Interna devem se unir para evitar a deterioração da saúde emocional e mental desse público, que – no geral – já está fragilizada. De acordo com a pesquisa “Rastreando o Coronavírus”, feita pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o país que mais sofreu com a ansiedade devido à pandemia e 53% dos entrevistados afirmaram que viram piora em seu bem-estar mental.

Na prática, o que pode ser feito? 

O Grupo IWG listou cinco pontos para tornar o trabalho presencial e a volta ao escritório mais atrativa e combater a FORTO. É interessante analisar que todas podem ser feitas por RH e comunicadas via canais de CI.

1. Escritório como ponto de encontro para reuniões e contato com gerência eventual;
2. Espaço configurado para uso esporádico dos escritórios, de 2-3 x por semana;
3. Escritórios mais próximos de casa das pessoas para diminuir deslocamento;
4. Possibilidade de reservar onde se sentar e onde trabalhar online com antecedência;
5. Ficar próximo da equipe funcional de trabalho dentro do escritório (modelo squad).

Entrevista com especialista

A CI Transforma da Dialog conversou sobre o papel de CI e RH no bem-estar dos profissionais com Daniele Nazari, psicóloga no Zenklub e especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Dialog – A volta, seja parcial ou integral, ao trabalho presencial pode ser fonte de estresse e ansiedade para muitos colaboradores. O que o RH pode fazer para evitar isso?

Daniele Nazari – A volta ao trabalho presencial gera uma modificação que vai além do emprego, muitas vezes envolve mudança na rotina familiar, reorganização diária, medo da exposição, medo de adoecer, entre outras questões pessoais. Portanto, nem sempre o RH vai conseguir evitar que apareça estresse no retorno ao trabalho, já que não são só questões profissionais envolvidas.

O RH pode oportunizar acolhimento, demonstrar cuidado com o colaborador, preparar o líder para receber a equipe, e estimular uma rede de apoio dentro do ambiente organizacional. Essas ações de envolvimento e preocupação já podem ajudar a reduzir a manifestação de adoecimento maior dentro da instituição.

Qual é o papel da comunicação interna no cuidado da saúde mental do colaborador?

A comunicação interna pode ser uma grande aliada neste cuidado, podendo enviar dicas de autocuidado e alerta de sintomas de adoecimento, por exemplo. 

Essas ações demonstram um acolhimento por parte da empresa, preocupação com o bem-estar, e conscientização de que esses sintomas psicológicos realmente interferem na produtividade dos seus colaboradores.

A digitalização de processos e ferramentas nas áreas de comunicação interna e RH podem evitar quadros de ansiedade e estresse com o retorno aos escritórios?

Sim. Um grande número de empresas optou por um retorno híbrido, dando a oportunidade ao colaborador de mediar os momentos de home office e os presenciais. 

Com a digitalização da comunicação, ambas modalidades de trabalho têm acesso ao conteúdo, isso faz com o que o colaborador se sinta pertencente à empresa independente de onde ele estiver, e assim também se sentirá leve para acionar o RH, caso seja necessário.

Deixe dicas práticas para profissionais de RH e CI lidarem com quadros de ansiedade e estresse de funcionários

1. Qualificar as lideranças para acolhimento adequado dos colaboradores;
2. Oportunizar palestras com especialistas sobre saúde mental;
3. Estimular rodas de conversa sobre temas específicos;
4. Oferecer atendimento psicológico como benefício ao colaborador;
5. Enviar conteúdos e dicas de autocuidado para todos os colaboradores.

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