Baixa escolaridade: como superar essa barreira na Comunicação Interna

por | 06/11/2023 | Boas Práticas, Parceiros, United Minds

Devido às mais diversas realidades presentes no sistema de ensino brasileiro, a baixa escolaridade de grande parte da força de trabalho pode ser um desafio para a Comunicação Interna. Afinal, diante de temáticas cada dia mais complexas, os colaboradores podem encontrar alguns percalços no entendimento da mensagem.

Sabemos que o diploma do Ensino Médio é requisito comum para a contratação em muitas médias e grandes empresas, mas o fato é que ter diploma de escola secundária muitas vezes não garante uma base para compreensão do mundo.

Baixa escolaridade no Brasil 

“Nosso Ensino Médio está bem abaixo da média”

O Brasil enfrenta desigualdades não só no acesso à educação, mas também na qualidade do ensino. Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE), a taxa de analfabetismo no Brasil recuou de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022. Entretanto, estudos do INAF (Instituto Nacional de Analfabetismo Funcional) indicam que até 27% da nossa população tem letramento limitado.  

Enquanto o analfabeto total não sabe ler e escrever, o analfabeto funcional é aquele capaz de identificar e ler números, letras e frases, mas tem extrema dificuldade em compreender textos, realizar operações matemáticas simples e organizar as próprias ideias para a expressão.

Consequências da baixa escolaridade 

“Li, mas não entendi”

A educação é essencial para o desenvolvimento e a estimulação cognitiva, influenciando a forma como pensamos, aprendemos, resolvemos problemas e nos comunicamos. A baixa escolaridade atrofia habilidades fundamentais para o sucesso pessoal e profissional, tendo como consequência:

  • Dificuldades de assimilar e processar informações complexas, resultando em limitada interpretação de texto e compreensão de conceitos abstratos;
  • Comprometimento do pensamento crítico e da resolução de problemas, dificultando a análise de situações e tomada de decisões eficazes;
  • Menor participação na sociedade e nas empresas, incluindo o envolvimento em debates e atividades que requerem um certo nível de capacidade cognitiva;
  • Impacto na autoestima e autoeficácia, tendo implicações na motivação e na confiança;
  • Barreiras para o uso eficiente da tecnologia, limitando o desenvolvimento e o acesso a informações;
  • Falta de fluência de linguagem, afetando o compartilhamento de ideias e pensamentos, bem como a expressão plena.

Impacto da baixa educação para a Comunicação Interna 

“Foi comunicado, mas parece que ninguém está sabendo”

Há quem diga que a atenção é o recurso mais valioso do nosso século. Muitas áreas de comunicação se desdobram para manter a eficácia de seus canais internos e o envolvimento dos colaboradores em eventos e campanhas. Porém, cabe aqui a reflexão: o que superficialmente parece desengajamento ou desinteresse dos colaboradores pode mascarar uma enorme dificuldade de acompanhar as conversas da organização.

Não dá para falar sobre EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), EHS, governança ou protagonismo de carreira sem levar em conta a capacidade real de compreensão do seu pessoal. Conhecer o público é fundamental em qualquer estratégia de comunicação. Entender o perfil, as necessidades, os interesses, as expectativas e as características dos colaboradores permite adaptar a comunicação de forma mais assertiva e convidativa para essas pessoas. 

Dicas para não afastar os colaboradores

1) Menos é mais: Não estamos falando de volume de texto, apesar disso também se aplicar, mas sim de quantidade de temas trabalhados internamente. Na maioria das empresas, a conta não está fechando entre o volume excessivo que a empresa deseja transmitir e o quanto o empregado consegue assimilar. Quer uma comunicação realmente efetiva? Seja radical na priorização. 

2) Mais conversa: Sempre que possível, dê preferência à comunicação face a face via liderança. Não estamos falando necessariamente de eventos complexos, mas sim de regularmente incentivar e apoiar os gestores para incorporar o alinhamento dos empregados na rotina de sua área. A liderança é a maior “educadora” das equipes, pois o diálogo abre espaço para tirar dúvidas e checar o nível de entendimento.

3) Conte histórias: Quando bem usadas, histórias ajudam a comunicar mensagens com clareza, pois concretizam conceitos abstratos em pessoas reais e situações do dia a dia. Além disso, essa prática ainda aumenta a retenção de informações, pois lembramos mais de relatos envolventes do que de fatos objetivos. 

4) Textos curtos: A leitura pode ser uma barreira e criar um distanciamento. Canais baseados predominantemente em texto, como e-mail e newsletters, são menos atraentes e efetivos. Quando precisar escrever, escreva pouco. 

5) Invista em audiovisual: Animações rápidas, vídeos, gifs animados e formatos de áudio, como spots de rádio ou podcasts, são muito mais palatáveis – mas precisam ser descontraídos, evitando o tom professoral, e curtos. Ou melhor: curtíssimos! Na era em que vídeos de 7 segundos viralizam no TikTok, as produções institucionais de 5 minutos viraram quase um longa-metragem. Ninguém assistirá ao conteúdo até o final. 

6) Desenhe: Como nem tudo pode ser audiovisual, abuse de imagens e infográficos para traduzir ideias, sistematizar e organizar informações complexas de uma maneira que ajude a compreensão. A mistura de pouco texto com números, ilustrações e gráficos atrai a atenção, pois assimilamos mais facilmente informações visuais.

7) Linguagem acessível: Accountability e Compliance? Pra quem exatamente você está falando? Evite estrangeirismos ou termos técnicos. Use exemplos do dia a dia para ajudar na compreensão.

8) Repita, repita e repita: Já falou sobre um tema estratégico para a empresa? Fale de novo. E outra vez! Qualquer entendimento significativo para o ser humano deve ser repetido algumas vezes para a sua consolidação e memória. Em outras palavras, os colaboradores necessitam rever os conteúdos diversas vezes e sob diferentes aspectos para entenderem, interiorizarem e se engajarem com esse conhecimento.

9) Desenvolva: Também é responsabilidade das empresas serem agentes de transformação social. Estimule a empresa a promover programas de formação educacional e desenvolvimento que ajude a elevar a capacidade cognitiva da força de trabalho. Os resultados – e o país – agradecem! 

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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