Nos últimos meses, falamos sobre as tendências nas áreas de Comunicação Interna e RH neste ano. Mas quais foram os maiores desafios enfrentados pela área de Gestão de Pessoas em 2021 e como eles impactam a estratégia e planejamento nos próximos meses?

De acordo com o estudo “Tendências de Gestão de Pessoas em 2022”, realizado pela consultoria Great Place to Work, 59% dos respondentes apontaram a adoção de novas políticas de trabalho como o maior desafio enfrentado, seguido pela comunicação interna (49,2%) e o desenvolvimento de lideranças (39,8%).

Pensando na dinâmica entre RH e CI, os dados acima mostram a dificuldade causada pela falta de preparação para a transformação digital, escancarada pela pandemia e seus desdobramentos nas empresas.

Neste artigo, falaremos mais sobre o que as empresas enfrentaram no último ano e qual o cenário daqui para frente. 

Um novo mundo

Os novos modelos de trabalho certamente provocaram disrupções sem precedentes dentro das organizações. Entender que, dependendo da área e atividade, o trabalho presencial não é necessário foi algo difícil de engolir para muitos. Para outros, ainda é.

Isso porque ainda existem lideranças que acreditam que apenas nesse tipo de modelo exista produtividade dos colaboradores e cobram um retorno aos escritórios que não seria necessária, se houvesse uma boa estratégia (e outro pensamento).

As bruscas mudanças trazem desafios até mesmo para companhias que querem permanecer em trabalho híbrido e remoto, principalmente relacionados à Comunicação Interna e engajamento.

Segundo o GPTW:

“Com a adoção do formato híbrido ou até mesmo remoto, continua um grande desafio para as empresas, que precisam encontrar as tecnologias adequadas para dar conta de manter o fluxo de informações e, ainda mais importante, descobrir os processos ideais para que todas as pessoas da equipe se sintam igualmente contempladas na troca de informações organizacionais”.

A digitalização se tornou mais presente. No primeiro momento, soluções digitais adotadas para comunicar e engajar foram vistas como temporárias, até a volta ao 100% presencial. Hoje, empresas veem o potencial da transformação digital para o presente e futuro.

O digital é a resposta de muitas perguntas feitas pelas organizações nos últimos tempos:

1. Como garantir o alinhamento dos times, senso de pertencimento entre os colaboradores e a manutenção da cultura quando existem profissionais trabalhando no escritório e fora dele?
2. Como manter pessoas focadas nos valores e missão organizacionais em diversos ambientes, com vários pontos de contato e comunicação assíncrona?

Comunicação Interna como prioridade

De acordo com o estudo do GPTW, a CI está em terceiro lugar na lista de maiores prioridades da área de Gestão de Pessoas para 2022. Além disso, a consultoria entende que a Comunicação Interna também é um dos quatro grandes legados da pandemia, junto com o redesenho das organizações, holofote na liderança e atenção à saúde mental.

Essas estatísticas são importantes e vêm em um ótimo momento, olhando para o cenário global: o alcance dos canais de Comunicação Interna é bom, mas precisa melhorar. Ou melhor, talvez o que precise mudar seja a ferramenta escolhida.

Ao perguntar sobre a capacidade dos canais atuais, 80% respondentes da edição de 2022 da State of the Sector (Gallagher) afirmam que as ferramentas alcançam profissionais onde quer que estejam, mas o número cai para 69% em organizações que possuem mais de 50% de colaboradores operacionais.

Sendo assim, empresas que querem alcançar seus profissionais, estejam eles no escritório, em casa, no ponto de venda, na fábrica, hospitais, campos ou qualquer outro lugar (e em qualquer modelo de trabalho) devem apostar em estratégias mobile first ou mobile only, usando a mobilidade do usuário como artifício.

Em complemento disso, a Gallagher atesta:

“Trata-se de reinventar a maneira as pessoas compartilham conhecimento e informações; trata-se de repensar como a colaboração e a inovação pode prosperar em um local de trabalho cada vez mais digital; e é sobre reconsiderando a melhor forma de fazer as comunicações bidirecionais acontecerem em uma maneira envolvente”.

Inclusive, falando de digital e engajamento e CI, já mencionamos anteriormente por aqui sobre os hábitos de uso da internet pelo celular do brasileiro, que aumentou 23% entre janeiro de 2020 e junho de 2021, segundo o estudo “Tendências e Comportamentos Digitais 2021”, da Comscore.

Esse é apenas mais um reforço para o caminho que empresas devem mirar para vencer os desafios citados no começo deste artigo.

É hora de revisar os canais de CI

O State of the Sector 2022 escancarou uma necessidade das organizações reverem seus canais de Comunicação Interna. Segundo o estudo, 1 em cada 5 equipes de CI já concluiu um estudo aprofundado sobre revisão de sua estratégia de canal, e cerca de um terço (34%) está atualmente em processo de fazê-lo.

Dois pontos interessantes nessa revisão rumo a era da Comunicação Interna digital e móvel que merecem destaque são:

• O uso de redes sociais corporativas/aplicativos de CI é de 39% (o índice em 2021 era de 24%) — número que sobe para 52% em organizações com mais de 2.500 funcionários.
• Canais offline como cartazes, banners e os quadros de avisos caíram para 44% (eram 63% em 2021), já as revistas corporativas caíram para 16%.

Olhar apenas para os canais não é suficiente, é preciso ter estratégia. E, surpreendentemente, muitos ainda não tem. A pesquisa mostrou que apenas 31% dos entrevistados dizem que têm uma estratégia de Comunicação Interna em vigor, embora isso aumente para 42% em grandes empresas.

Em conclusão, conquistar o posto de prioridade para RH (Gestão de Pessoas) neste ano mostra que empresas enxergam finalmente o potencial e influência da área de CI na estratégia organizacional.

Inclusive, a Comunicação Interna pode inclusive ser uma grande aliada ao lidar com os desafios causados pelos diferentes modelos de trabalho. O segredo é investir em estratégias e soluções que atendam colaboradores nas diferentes modalidades (híbrido, presencial, remoto) e localidades.

Assim, a informação chega de forma transparente, diminuindo chances de ruído, incentivando o engajamento e um bom clima organizacional.

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