Uma nova onda de colaboradores integrou os times e trouxe muitas mudanças consigo. Estamos falando da Geração Z, jovens nascidos entre 1998 e 2010 e que estão transformando a forma como nos comunicamos. E para desenvolver campanhas internas que realmente engajam este público, é preciso adotar uma abordagem e um storytelling diferente.
O desafio da comunicação passa a ser refletir as necessidades dessa geração, indo além das abordagens tradicionais e adotando novos formatos e tecnologias para fortalecer a conexão emocional.
Para a Geração Z, o mundo ideal é trabalhar em um ambiente que se preocupe com questões sociais e ambientais, permita que se expressem verdadeiramente, os escute ativamente, e onde exista equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Dessa forma, são as empresas que proporcionam experiências mais agradáveis que vão inspirá-los a entregar o seu melhor.
Construindo conexões autênticas
Em estudo global da United Minds, o “Employees Rising”, vimos que 40% dos entrevistados da Geração Z postam comentários positivos online sobre o seu empregador e 42% o defendem para outros. Isto demonstra a importância de zelar por uma boa relação com esta geração, que pode influenciar a visão de outras pessoas sobre a empresa.
Dar voz aos colaboradores é um ato poderoso para gerar engajamento — não apenas para essa geração. Quando se sentem vistos, ouvidos e pertencentes à organização, eles possuirão um vínculo maior e enxergarão mais razões para contribuir.
A comunicação pode incorporar depoimentos — de áreas, gerações, tempos de casa, regiões e níveis hierárquicos diversos — em campanhas, com histórias genuínas e emocionais que tangibilizam e se conectam com os valores da empresa.
Através de entrevistas, pesquisas e sessões colaborativas, os depoimentos demonstrarão os resultados do trabalho realizado pelos colaboradores e como a sua atuação pode gerar consequências positivas não apenas para a empresa, como também para o ambiente de trabalho e a comunidade onde atuam. No fim, o que os marcará mais não será o que foi dito, mas como se sentiram durante o processo.
Formatos dinâmicos e interativos
Não podemos desconsiderar a nova forma como todos, mas principalmente essa e as gerações subsequentes, estão consumindo informação. Trazer informações da empresa em formatos rápidos e eficientes — como GIFs, vídeos e infográficos — e até divertidos — com o uso de memes, quizzes e gamificações — pode tornar as mensagens mais atrativas, buscando refletir, em parte, o dinamismo das redes sociais.
Criar conteúdos em campanhas que fujam de um e-mail básico pode ser mais desafiador, mas são experiências e ações significativas que transformam o ambiente de trabalho em um espaço mais empolgante. Não é segredo que os colaboradores valorizam momentos que agregam aprendizado e que fujam da rotina. O desafio é conectá-los à estratégia da empresa para que contribuam com impactos reais.
Neste contexto, é interessante explorar ferramentas diferenciadas e aproveitar do frescor que a Geração Z tem trazido para as redes sociais. Utilizando um linguajar mais leve e jovem, é possível gerar mais interesse e empatia — sempre adaptando as mensagens para a realidade da empresa.
A tecnologia como aliada
Como nativos digitais, a Geração Z valoriza experiências personalizadas, e é aqui que novas tecnologias, como a IA, podem fazer a diferença. Em estudo recente da United Minds, intitulado “Reescrevendo o trabalho para a Era da IA”, foi analisado como a Inteligência Artificial pode ser mais do que uma ferramenta de automação, apoiando na criação de conexões humanas mais profundas. Segundo o paper, ela pode ser utilizada para:
- Personalização da experiência
É possível adaptar conteúdos específicos para cada função, além de prever o momento exato em que serão necessários. Quando bem utilizada, as mensagens alcançaram taxas de abertura de até 54%, de cliques de 34% e adesão de 68% dos colaboradores — muito acima das médias do mercado. - Acompanhamento de resultados
Para que planejamentos e estratégias de comunicação sejam eficazes a longo prazo, é importante mensurar e analisar resultados. Com a IA, o desengajamento de colaboradores é previsível e pode ser prevenido. - Quando e como engajar
Ajuda os líderes a identificar os momentos em que os colaboradores estão mais receptivos, utilizando canais e mensagens que realmente ressoam. - Fortalecimento da cultura organizacional
Com base no engajamento em comunicações, pode identificar padrões no sentimento dos colaboradores, supondo como estão vivenciando o ambiente de trabalho. Dessa forma, é possível reforçar o que está funcionando e abordar pontos problemáticos antes que se intensifiquem.
A IA desempenha um papel cada vez maior e, quando empregada estrategicamente, pode ajudar a fortalecer a cultura, construir confiança e promover um senso de pertencimento que mantém as pessoas comprometidas com a organização.
DE&I e ESG no centro das campanhas
A Geração Z é profundamente conectada a causas sociais e ambientais, preferindo até mesmo consumir produtos de empresas que demonstram o impacto que promovem para a sociedade. A mesma lógica se aplica à realidade dentro das empresas, o que torna essencial considerar temas como diversidade, equidade e inclusão (DE&I) e sustentabilidade nas campanhas internas.
Em pesquisa recente da United Minds, ao compará-la com os Boomers, observamos que a Geração Z é a mais propensa a concordar que empresas têm a responsabilidade de se manifestar sobre questões sociais importantes (74%), mas são menos propensos a concordar que seu empregador está fazendo uma contribuição positiva para o mundo (57%).
Possuir uma cultura inclusiva, com diversidade de pessoas e campanhas que destacam os esforços da empresa em impactar positivamente o mundo, tende a ressoar de forma mais profunda. Para isso, é válido incorporar debates, rodas de conversas e outras iniciativas na comunicação. Organizações que vão além do discurso, com ações práticas, se destacam.
Cultura digital e a preocupação com a infoxicação
A sobrecarga de informações é um problema crescente, especialmente para os nativos digitais. Para evitá-la e manter a atratividade, é fundamental criar comunicações que sejam visuais, dinâmicas e claras.
Para além de curadoria de informações e mensagens concisas, a Comunicação Interna precisa se reinventar. Existem estratégias que a cultura digital nos traz e que têm maior probabilidade de capturar a atenção, como os influenciadores internos.
Muitas vezes vemos o potencial de “microinfluenciador” da Geração Z ser explorado em círculos sociais. E para as organizações, quem melhor do que um colaborador, que já possui o tom de voz do time, para passar as novidades da empresa e demonstrar na prática como elas os afetam?
Claro, esse papel não está restrito às novas gerações, pelo contrário, mas esta é a geração mais propensa a usar as plataformas para falar a favor — e contra — sua organização. São desses entusiastas da tecnologia que novas formas (e formatos) de expressar e compartilhar informações podem surgir, mas deve haver direcionamentos e limitações estabelecidos previamente.
Escuta ativa e a liderança como parte da abordagem
A Geração Z busca ser ouvida e contribuir ativamente em processos e decisões, e existem ferramentas que ajudam a reforçar uma comunicação bidirecional. É preciso uma comunicação mais horizontal e líderes acessíveis, transparentes e empáticos, além de treinamentos periódicos e momentos de troca.
Afinal, os colaboradores que se sentem apoiados por seus gerentes têm 6,7 vezes mais chances de se sentirem valorizados e estão 42% menos interessados em deixar o seu emprego. Neste contexto, ao identificar oportunidades de capacitação dos líderes, treinamentos e workshops podem ser realizados.
Como a Comunicação Interna se torna estratégica neste cenário?
A criação de campanhas internas que realmente engajem a Geração Z requer expertise e um olhar sensível às tendências culturais e digitais. Há uma exigência por mais do que campanhas informativas: é necessário criar experiências autênticas, dinâmicas e interativas.
Por isso, o caminho se torna o desenvolvimento de materiais que conectem emocionalmente os colaboradores e reflitam a cultura da empresa, com criatividade para inspirar, motivar e engajar de forma significativa. Os questionamentos e reflexões da Geração Z se tornam fundamentais para organizações que buscam inovar em sua comunicação.

Por Rafaela Borges, Analista de Comunicação na United Minds.
O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.
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