Sem uma boa comunicação, não há estratégia de negócio que se sustente dentro de uma organização. Entra aí a importância do líder comunicador. A liderança sempre foi vista como um dos canais de comunicação interna mais valiosos, então é preciso redobrar a atenção com a forma que esses profissionais se comunicam para evitar ruídos e, consequentemente, desengajamento.

Isso porque, se os colaboradores se sentem no escuro, não entendem o que está acontecendo ou o que precisa ser feito, a qualidade das entregas é impactada e, consequentemente, os resultados da companhia como um todo também sofrem.

A partir disso, é importante saber quais são os erros de comunicação mais cometidos pelos líderes. Segundo artigo de Vívian Rio Stella, doutora em linguística e idealizadora, curadora e professora da VRS Academy, são eles:

1.   Confundir “passar informação” com comunicar;
2.   Não estar ciente de tudo que comunica;
3.   Esquecer de adaptar o discurso e ficar reclamando;
4.   Não entender que o diálogo se nutre do conflito;
5.   Falar muito, perguntar pouco e não ouvir.

Conversamos com a professora sobre o impacto desses erros no dia a dia da organização. Confira!

Dialog: Quais são os erros de comunicação que os colaboradores também podem cometer? E como eles podem afetar a forma como a liderança se comunica?

Vívian Rio Stella: Mais do que pensar em erros, podemos pensar em ações que impactam a construção de um ambiente aberto ao diálogo. Algumas delas são: 

• não relatar dúvidas ou problemas durante a execução de uma tarefa sob sua responsabilidade, o que pode gerar erros, retrabalho e conflito;
• opinar ou dar ideias para colegas mas não para os líderes, com receio de achar que as propostas não serão aceitas ou bem avaliadas ou que não há espaço para mudar, conversar; 
• silenciar desconfortos e insatisfações que impactem a qualidade do seu trabalho ou o envolvimento no time, porque deixar para falar quando o nível de estresse já está alto gera mais conflitos do que resolve.

Como a digitalização da Comunicação Interna pode ajudar a liderança?

Os líderes precisam usar os canais digitais para se aproximar, não apenas para controlar a execução do trabalho. Isso significa ter reuniões virtuais com pauta aberta, mandar mensagens no Whatsapp que nem sempre são pedidos e ações, mas também elogios, conteúdos interessantes, mensagens de incentivo.

Na sua opinião, qual o papel do RH no desafio de diminuir os erros de comunicação cometidos pelos líderes?

Claro que o papel de capacitação, usando diferentes formatos, estímulos, conteúdos, repertórios vindos dos próprios líderes e situações reais que eles enfrentam em seu dia a dia.

Além disso, um papel consultivo e estratégico, que antevê a necessidade de orientação, seja individual ou em grupo, de um profissional promovido a líder pela primeira vez, por exemplo, caso contrário, esse profissional pode se sentir despreparado para gerir pessoas; que defende novos projetos, novas ideias como parte integrante do negócio, dos resultados, do clima, não apenas olhando para o desenvolvimento do indivíduo.

Erros na comunicação podem ser mais graves quando falamos de organizações que adotaram modelos de trabalho remoto ou híbrido, além daquelas que possuem colaboradores no campo ou varejo?

Constância na comunicação, adequação da abordagem e linguagem a diferentes públicos e visão complexa da realidade dos diferentes profissionais são cruciais para evitar lançar campanhas, manuais ou ações que pouco reflitam a realidade dos profissionais das empresas.

Vi orientações para o ambiente de trabalho remoto que pouco se assemelham à realidade das casas das pessoas: ter escritório, ambiente silencioso, estar ao lado do roteador da internet podem ser algo trivial para um tipo de profissional, mas nada condizente com a realidade da maioria.

Então, um exercício grande de empatia, de conhecer as diferentes realidades dos profissionais (para além dos cargos) são caminhos para evitar falhas e imprecisões nas abordagens. 

Vívian Rio Stella é idealizadora da VRS Academy, facilitadora e pesquisadora.

Como a empatia e a cultura organizacional podem ajudar a evitar esses erros de comunicação?

Vivemos uma mudança de era e muitas empresas estão revendo as ações, práticas, ritos e símbolos que identificam a cultura organizacional. Claro que a cultura é feita pelas pessoas, para as pessoas, com as pessoas.

Então, analisar criteriosamente a complexidade da organização, das pessoas que a constituem para tomar decisões, criar metas e ações é de extrema importância.

Escutar, perguntar, conversar sobre temas difíceis abertamente, abrir-se ao erro e ter critérios claros são formas de incentivar a inovação e a criatividade, tão essenciais.

Gostou do conteúdo? Comente e compartilhe com seus colegas. Continue acompanhando o hub de conteúdo da Dialog!