Inteligência Artificial na CI: dos prompts ao papel estratégico das lideranças na área

por | 24/07/2025 | Grupo In Press, Inteligência Artificial, Parceiros

A Comunicação Interna está passando por uma evolução significativa, especialmente com a ascensão das plataformas de Inteligência Artificial e seus múltiplos usos nas estratégias de engajamento de colaboradores, sobretudo quando pensamos sobre o Gemini (Google) e o ChatGPT.

As lideranças na área de Comunicação nas organizações enfrentam o desafio intenso e acelerado de se adaptar a um ambiente que se torna, cada vez mais, mediado por tais tecnologias, enquanto precisam manter a conexão humana e o vínculo afetivo dos profissionais e times com suas marcas empregadoras. Talvez o momento nunca tenha sido tão propício para refletirmos acerca do papel crítico das lideranças de CI à luz das evoluções trazidas pela IA, com base em dados de pesquisas recentes.

Tive acesso recentemente a um estudo realizado pelo Instituto de Comunicação Interna (IoIC), entidade britânica que realiza pesquisas sobre os mais variados temas. Divulgado em março, ele aponta que 56% dos profissionais de CI relataram um aumento exponencial nas responsabilidades e nos papéis de suas áreas na construção de estratégias e planos comunicacionais sobre gestão da mudança nas mais variadas organizações mundo afora.

51% dos profissionais ouvidos notaram um crescimento do mesmo propósito quanto a enfatizar os benefícios da transformação digital e suas tecnologias para o incremento da produtividade nos ambientes de trabalho — e aqui podemos interpretar como parte da evolução acima comentada, principalmente no que diz respeito ao uso da IA para acelerar e qualificar entregas do dia a dia.

Este cenário evidencia a necessidade de uma abordagem cada vez mais sensível e produtora de sentido na Comunicação Interna, na qual as lideranças de área desempenham um papel essencial.

A IA evolui como uma ferramenta que pode otimizar processos, gerar conteúdos em segundos, checar informações, traduzir contextos e documentos e analisar dados, permitindo uma Comunicação Interna, sem dúvida, mais eficiente. 

Por exemplo, a mesma pesquisa do IoIC aponta que 70% dos colaboradores se sentem mais conectados com suas empresas quando as comunicações internas são personalizadas, e a IA facilita essa personalização ao segmentar mensagens-chave e narrativas com base nas preferências dos funcionários, ou seja, nos seus hábitos de consumo comunicacional. 

Uma tecla na qual temos batido, aqui no Grupo In Press, desde que desenvolvemos nossa metodologia de diagnóstico em CI que procura integrar visões entre aquilo que o profissional “consome” de informação, lazer e entretenimento no seu dia a dia, fora da organização, e o que ele usa para se informar a respeito das tarefas e esforços que precisa entregar na sua jornada de trabalho.

Evolução para ontem

Fato é que, apesar das oportunidades ofertadas pela IA, as lideranças de comunicação nas empresas enfrentam uma “realidade agridoce”. A mesma pesquisa indica que apenas 30% dos profissionais se sentem totalmente equipados para atender às “novas” demandas de suas funções. A sobrecarga de trabalho, com uma média de 15 áreas demandantes dos serviços de CI sob a sua responsabilidade, e a falta de recursos e times são desafios constantes, como revela também recente pesquisa feita pela Aberje, em parceria com a Ação Integrada.

Fonte: Aberje e Ação Integrada.
Fonte: Aberje e Ação Integrada.

Além disso, 80% dos profissionais expressam sentimentos negativos sobre o seu trabalho, o que pode impactar na sua capacidade de engajar colaboradores.

A evolução do papel das lideranças de Comunicação interna junto às possibilidades que o uso, cada vez mais voraz, da Inteligência Artificial pelas empresas têm alavancado passa pelo primeiro entendimento destes gestores de que é preciso ir muito além de aprender a construir prompts e a demandar as plataformas. Esse é o passo mais simples, no qual muitos comunicadores ainda estão engatinhando.

O presente nos pede uma responsabilidade estratégica não apenas quanto à governança sobre o uso da IA pela área de CI, mas que saibamos guiá-la quanto à fundamentação de tudo aquilo que ela nos aporta e de como nos ajuda a impactar de forma sustentável os negócios das empresas. 

E aqui estamos falando sobre a nossa missão de seguir interrelacionando pessoas dentro desse universo e extraindo delas, de forma colaborativa, caminhos para a continuidade do sucesso de engajamento aos canais da matriz de CI. Porque, sim, eles continuarão existindo, só que agora “alimentados” por meio de iniciativas ainda mais cocriativas.

Os líderes de comunicação devem se tornar facilitadores da transformação digital, utilizando a IA como uma aliada para melhorar a experiência do colaborador. Isso envolve não apenas a adoção de ferramentas de IA, mas também o desenvolvimento de competências críticas, como pensamento estratégico e letramento digital. 

Veja: o estudo do IoIC aponta que 39% dos profissionais de CI consideram o pensamento estratégico uma prioridade para seu desenvolvimento.

Além disso, as lideranças devem priorizar estratégias ligadas ao desenvolvimento de atitudinais de soft skill, como empatia e mediação. Tudo porque embora a IA possa automatizar muitas tarefas, a autenticidade nas mensagens e a habilidade de construir relacionamentos são insubstituíveis ao humano. Seguir traduzindo a visão e o propósito organizacional em mensagens que inspirem e motivem os colaboradores ainda é um horizonte possível e necessário para muitos de nós, comunicadores.

Quando for revitalizar sua matriz de canais, sob esse prisma mais digital, a integração deles com plataformas de IA deve ser uma condição irrevogável para a adoção da ferramenta. Se a ideia é que esses “novos canais” sigam funcionando como os únicos hubs onde a vida profissional de um colaborador está contida, é importante não incentivar dispersão para outros caminhos. Disso fundamentalmente dependerá o sucesso do engajamento.

E lembre-se: estamos vivendo, neste exato momento, uma segunda grande onda quanto à descentralização da capacidade de criar e veicular conteúdos enriquecidos e, aparentemente, com grande veracidade, refletores de diversas realidades, a exemplo do que experimentamos há cerca de 30 anos, quando os meios de comunicação e a imprensa tradicionais passaram a disputar espaço com blogs, redes sociais e comunidades — e, posteriormente, lista de transmissões no WhatsApp etc. 

Agora, com o uso da IA, todos se tornam autênticos roteiristas, diretores de cena, podcasters, produtores de TV, criadores de apresentações institucionais ou comerciais, ainda que sequer tenham estudado para isso. Os prompts já oportunizam o “reinventar” dessas funções e, pasmem, com um bom nível de qualidade que só aumenta a passos largos, diariamente.

Então, se acostume à proliferação de “comunicações sombra”, sobretudo na sua CI, onde outros departamentos ou áreas assumem responsabilidades de comunicação, passando informalmente a exercer essa chamada descentralização. Em vez de refletir sobre o risco, minha dica é que aceite essas sombras e trabalhe de forma eficaz o alinhamento delas, trazendo-as para dentro do seu jogo. O trabalho da liderança de CI, mais do que nunca, é evitar mensagens fragmentadas que levem à erosão da confiança entre áreas. Do contrário, é game over!

Fonte: Aberje e Ação Integrada.

As organizações que souberem equilibrar a eficiência da IA com uma liderança humanizada, mediadora de conflitos e indutora das transições que já estão acontecendo ou estão por vir, estarão mais bem posicionadas para engajar seus colaboradores e prosperar em um ambiente de negócios em constante mudança, criando um espaço onde a Comunicação Interna se torna um verdadeiro motor para a resiliência e o comprometimento.

Por Adriano Zanni, Diretor de Atendimento e especialista em Comunicação Interna.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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