A 9ª edição da “Pesquisa de Tendências da Comunicação Interna”, realizada anualmente pela Aberje, em parceria com a Ação Integrada, ouviu 215 organizações em todo o país, de todos os portes e setores, que compartilharam suas práticas, processos, intenções de investimento e como andam pensando as estratégias de engajamento de seus colaboradores e times diante do acelerado e instável cenário de negócios que diversas delas vivenciam.
Para além das necessidades tradicionalmente declaradas, como fortalecer os pilares de cultura, trabalhar a liderança comunicadora e dar maior clareza sobre os rumos dos negócios, um dado me chamou bastante a atenção nesta edição. O aparecimento, logo no topo dos objetivos da Comunicação Interna para 2025, de desenvolver esforços que apoiem a adoção de novos comportamentos, sistemas, plataformas e processos para o incremento da produtividade dos profissionais nas empresas.
Aqui, estamos falando sobre eficiência operacional para melhoria da saúde do negócio, ou seja, dos resultados financeiros tão esperados pelos c-levels, acionistas e pelos próprios times de colaboradores. O quadro abaixo reflete os três principais focos da CI para este ano, segundo as organizações respondentes da pesquisa.

Como consultor há mais de 24 anos, posso afirmar que não é de hoje que temos debatido a evolução da participação da comunicação com públicos internos nas mesas decisórias, saindo de um papel de espectadora e cocriando jornadas de experiência e narrativas com a alta liderança, capazes de oferecer sentido às metas, impulsionar ações e comportamentos para atingi-las, além de reconhecer e celebrar eventuais conquistas.
No entanto, neste momento, a demanda é por um salto de qualidade no trabalho da CI, muito relacionado ao dia a dia do colaborador e ao modo como a Comunicação Interna pode ofertar a ele informações e recursos para trabalhar melhor, com mais qualidade e gerindo com eficiência o tempo e suas atividades prioritárias.
Aqui, no Grupo In Press, quando realizamos diagnósticos em CI, olhando não apenas para a matriz de canais, mas também para todos os pontos da jornada do colaborador, do momento em que ele é atraído por um anúncio de vaga, até o momento em se desliga da organização ou se aposenta, um dos inputs mais trazidos pelos respondentes, seja na pesquisa quantitativa ou em grupos focais, é que todos sentem falta de uma comunicação que agregue valor às atividades operacionais do cotidiano.
Ou seja, uma CI dinamizada e integradora, que os instrumentalize não apenas a conhecer de perto os OKRs da empresa (suas metas), mas a utilizar ferramentas, dashboards, processos e outros toolkits que os façam render melhor, terem mais tempo livre para planejar e pensar inovações e, sobretudo, ajudem no cascateamento de instruções ou materiais instrutivos para os colegas, compartilhando conhecimento.
E a liderança nisso tudo?
O papel da liderança comunicadora continua sendo fator fundamental para atrair e impulsionar pessoas rumo ao comprometimento com os objetivos de negócio. Uma pesquisa global feita pela McKinsey, divulgada em meados de 2023, já apontava que a gerência de nível médio, sobretudo, é uma função vital dentro de qualquer companhia, embora encontre-se hoje “sitiada” por todos os lados, ou até entrincheirada (100% focada em rotinas operacionais).

Esses gerentes, no dia a dia, enfrentam pressões vindas de cima e de baixo, e geralmente não desenvolvem seu pleno potencial, revelando-se coagidos a apresentar resultados em estruturas organizacionais cada vez mais horizontais, rápidas e enxutas.
Tudo isso pode levar a interação construtiva com seus pares e times para o ralo. E, nesse sentido, a Comunicação Interna precisa ter um papel mediador e indutor a respeito da capacitação do médio gestor.
Os relacionamentos com a gerência, em particular, representam 86% da satisfação dos funcionários com suas relações interpessoais no trabalho hoje. (McKinsey)
Por conta disso, também podemos observar na mesma pesquisa divulgada pela Aberje e Ação Integrada uma clara decisão de investimentos por parte da área de CI nas organizações: realizar mais eventos, rituais e rodas de conversa sobre temas importantes, mantendo o ritmo das conversas necessárias e relevantes entre as lideranças.

Quando refletimos sobre os canais, ações e plataformas mais condizentes com essa necessidade e olhando muito para os cenários tecnológicos, multitarefas e ágeis que vivenciamos em nossas experiências pessoais, torna-se imperativo planejar e executar uma CI que segmente, ou seja, enderece estrategicamente cada nível de informação para o médio gestor, seja ele responsável por uma área operacional ou de backoffice.
Tudo precisa estar na palma da mão, de modo responsivo e interativo. Já imaginou grupos de discussão, fóruns e chats, a exemplo do que vemos na timeline das redes sociais que usamos no dia a dia, onde seja possível compartilhar boas práticas acontecendo em tempo real num PDV de uma rede de supermercados?
Ou então, acionar lideranças de vendas para obtenção de feedbacks sobre uma “puxada comercial” que está acontecendo em um determinado fim de semana, permitindo calibragens na tabela de descontos aos clientes de uma loja de aparelhos de celular ou operadora de telefonia? “Embedando” vídeos, podcasts e apresentações que incentivem o atingimento de metas, ou então, compartilhando qualquer outro tipo de documento?
É sobre isso que, certamente, o c-level de sua organização irá dialogar com maior frequência junto à Comunicação Interna, trazendo demandas muito orientadas a call-to-action e ganhos de performance.
Por mais que isso tudo possa parecer a você um mindset distante para a CI, ou relativamente já consolidado em alguns mercados, posso atestar que diversas organizações, em suas áreas de comunicação, ainda hesitam em adotá-lo com eficácia, seja em função de uma ideologia de comando-controle ou por inseguranças e incertezas quanto a alinhamentos narrativos institucionais que ainda precisam ser feitos, antes de instrumentalizar lideranças e demais profissionais a falarem nessas plataformas sobre seus momentos diários.
A vez dos influenciadores internos: os creators da sua empresa
Saiba você também que 68% das organizações respondentes da pesquisa pretendem intensificar investimentos em programas de formação de influenciadores internos para 2025. E mais: 58% delas vão ampliar o trabalho que já realizam junto às chamadas agências de CI em função do incremento da capilaridade das ações realizadas pela área.
Se a sua empresa ainda não possui um grupo de lovers para chamar de seu, é tempo de começar a planejar a governança deste que pode ser um canal interessantíssimo para o brand equity ligado à marca empregadora, uma vez que promove autonomia e confere protagonismo a pessoas que atuam na organização, aproveitando soft skills que muitas já possuem.
Além da governança do projeto, papéis e responsabilidades, fluxos de produção de conteúdo proprietário e postagens, é fundamental investir na capacitação constante e na mentoria desses colaboradores. Pequenos workshops e minicursos podem ser realizados a cada dois ou três meses, com insumos que certamente a própria área de comunicação já tem.
Aqui, temos levado a nossos parceiros aprendizagens sobre a linguagem creator, formatos mais atrativos de vídeos ou podcasts para cada modalidade específica de rede social, sobre o uso positivo de mensagens-chave da organização em momentos de construção de imagem e reputação, sobre humanização de lideranças em plataformas digitais e até mesmo sobre recursos de Inteligência Artificial que nos fazem ganhar tempo na curadoria de conteúdo.
Por fim, vale lembrar que aplicativos de Comunicação Interna e redes sociais que permitam a criação de grupos fechados, como o Instagram, são bons primeiros passos para testar o engajamento das pessoas colaboradoras.
Use a boa e velha metodologia das “camadas de cebola” e vá, aos poucos, adicionando mais usuários (colaboradores da organização) e estudando comportamentos de consumo de informação dentro desses ambientes de maior segurança da informação.
Depois, realize o rollout e amplie a abrangência. Posso garantir que funciona! Se quiser compartilhar experiências, fazer bench ou saber mais sobre Comunicação Interna, estou à disposição para dialogar e cocriar. Meu e-mail é: adriano.zanni@grupoinpress.com.br.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.
0 comentários