Diversidade e inclusão são temas em evidência no mundo corporativo e no mercado de trabalho em geral. Por isso, muitas empresas buscam alinhar sua cultura à valorização de grupos minorizados: mulheres, negros (pretos e pardos), pessoas com deficiências (PCDs), comunidade LGBTQIAPN+, pessoas com mais de 50 anos e todas as interseccionalidades entre grupos.
Mas quando esse investimento não é genuíno, ocorre o que chamamos de Diversity Washing, termo que faz referência ao posicionamento de empresas que propagam o discurso de diversidade e inclusão sem valorizar ou praticar essa temática no dia a dia.
Assim como no Greenwashing, em que organizações se apresentam como ambientalmente conscientes e responsáveis mas, na prática, não aplicam esse compromisso, tal apropriação lembra os riscos de comunicar o comprometimento com um tema sem adotar mudanças estruturais e significativas que impactem a cultura organizacional.
Na Comunicação Interna, essa prática interfere na confiança das pessoas colaboradoras e compromete a credibilidade da empresa, pois fica perceptível quando os valores declarados não correspondem a ações reais, o que pode gerar desengajamento do time, conflitos e até danos para a reputação da organização.
Confira alguns exemplos de Diversity Washing
- Comemorar datas sem ações concretas
Divulgar campanhas sobre o mês da Consciência Negra e Semana do Orgulho LGBTQIAPN+ sem implementar políticas de inclusão ou contratar talentos diversos.
- Ausência de representatividade
Usar imagens de pessoas diversas nas campanhas de Comunicação Interna, mas que não representam a realidade, já que a equipe e as lideranças são homogêneas e pouco inclusivas.
- Slogans e campanhas incoerentes
Propagar frases que não correspondem à cultura real da empresa e sem apresentar dados, programas ou metas que sustentem essas afirmações.
Percebemos com esses exemplos uma dissonância entre o que a organização divulga e o que é praticado nas suas contratações, promoções de cargos dos colaboradores e em toda a formação hierárquica da empresa, ou seja, uma imensa lacuna entre o que é comunicado ao público interno.
Como evitar o Diversity Washing na Comunicação Interna
Os dados confirmam o que as pessoas colaboradoras sentem: o investimento em diversidade e inclusão é mínimo. De acordo com a 27ª edição do Índice de Confiança da Robert Half, apenas 16% das empresas oferecem programas para grupos minorizados e 21% aplicam treinamentos relacionados à temática da diversidade e inclusão.
Empreendedores e suas lideranças precisam refletir sobre a diversidade e inclusão com a perspectiva de promover uma mudança social efetiva, e isso começa pelo desenvolvimento de ações articuladas com a cultura da empresa. Confira alguns caminhos para iniciar essa missão!
- Avalie a cultura organizacional
Antes de desenvolver um programa, o ideal é fazer um diagnóstico interno para identificar quais lacunas a empresa tem e que precisam ser resolvidas. Desde a formação de uma equipe diversa até promover um ambiente acolhedor para essa diversidade, evitando que os profissionais sejam expostos a preconceitos.
Uma dessas lacunas pode ser identificada, por exemplo, no baixo índice de pessoas diversas na equipe e em cargos de liderança, o que demanda estratégias para estimular oportunidades iguais e perspectivas reais de crescimento e permanência na organização.
- Visibilidade para a diversidade
Inclua colaboradores de diferentes origens e identidades nos processos de criação e estratégia das campanhas e serviços da sua empresa. Dessa forma é possível evitar uma abordagem superficial, amplificando a mensagem e promovendo uma representatividade genuína.
Envolva pessoas diversas tanto na construção da ideia ou mensagem, quanto nas imagens de divulgação, se isso fizer parte, de fato, da cultura da empresa. Com isso as pessoas colaboradoras vão se sentir parte do processo e representadas em todos os níveis.
- Monitore e seja transparente
O processo de mudança de cultura para a aplicação de uma diversidade efetiva é longo e exige uma série de iniciativas, por isso é importante apresentar essas ações e seus respectivos resultados para as pessoas colaboradoras.
Seja transparente com os desafios enfrentados para colocar essa cultura em prática, apresente os ganhos efetivos e demonstre compromisso com a causa. Com isso, a equipe terá cada vez mais confiança no processo.
- Invista em educação e conscientização
A Comunicação Interna deve refletir a realidade, não uma narrativa idealizada para construir uma imagem fictícia. Para conectar discurso e prática, é fundamental manter a equipe em constante formação sobre diversidade e inclusão, oferecendo cursos, palestras, mentorias, rodas de conversa e outras ferramentas educativas que contribuam com o impulsionamento e a promoção da diversidade com transformações efetivas na cultura da empresa.
A diversidade e a inclusão são valores essenciais e precisam ser aplicados de forma consistente. O papel da Comunicação Interna nesse processo é identificar o ponto em que a empresa se encontra em termos de diversidade e inclusão para, então, criar ações que engajem as pessoas colaboradoras e transmitam um senso de acolhimento e pertencimento.
Evitar o Diversity Washing não é apenas uma questão ética, mas também uma forma de construir relações sólidas e de respeito às diferenças para evitar situações constrangedoras, tanto para a marca quanto para quem trabalha para mantê-la relevante.
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