Demissões em massa: a importância da Comunicação Interna na gestão de crises

por | 08/05/2023 | Boas Práticas, Comunicação Interna, Pessoas e Cultura

Desde 2020, o mercado vem acompanhando uma onda de demissões em massa em diferentes setores da economia. A nível global, um dos mais afetados tem sido o de Tecnologia. Segundo dados da plataforma Layoffs.fyi, o setor já contabiliza mais de 500 empresas impactadas só neste ano, deixando centenas de milhares de pessoas desempregadas.

De acordo com o IBGE, o Brasil fechou o quarto trimestre de 2022 com uma taxa de desemprego de 7,9%. Nesse cenário, é fundamental que as empresas se organizem para amenizar os efeitos da crise internamente. Afinal, apesar das demissões, outros colaboradores continuam na companhia e precisam se sentir seguros para que mantenham a produtividade esperada.

A Comunicação Interna é uma área bastante estratégica diante dessa realidade, pois, se bem estruturada, é responsável por direcionar esforços a fim de evitar que o trabalho de outros profissionais seja desestimulado por tal instabilidade. Diversos sintomas internos, como falta de confiança, queda no desempenho, aumento de turnover e desmotivação, precisam ser diagnosticados para que não agravem ainda mais a reputação da marca.

Afinal, em épocas de demissões em massa, não é apenas a imagem externa da empresa que está em jogo. Para dar a volta por cima e conseguir manter suas equipes integradas ao propósito da marca, a organização precisa explorar o potencial da Comunicação Interna e dedicar atenção a alguns pontos importantes. Confira quais são eles:

Colaboradores como protagonistas

Para que as pessoas que permaneceram não se sintam tão afetadas pelo desligamento de outros profissionais, os ambientes corporativos precisam proporcionar acolhimento e segurança psicológica – algo que deve ser trabalhado com antecedência e de forma contínua como parte da cultura. 

Dados divulgados por uma pesquisa do SPC Brasil em 2018 apontam que o desemprego está associado à ansiedade (69,8%), à insegurança (67,2%), ao estresse (64%), à angústia (63,5%) e à depressão (60,5%). Ou seja, a forma como esse sentimento coletivo de instabilidade é tratado pela companhia pode impactar significativamente a saúde do colaborador.

Segundo Roberta Machado, CEO da InPress Porter Novelli, agência parceira da Dialog, mais do que simplesmente comunicar os fatos com veracidade, a empresa deve estar preparada para a escuta ativa. “É preciso refletir que o colaborador é o principal embaixador de uma marca empregadora, dentro e fora da organização, no on e no off-line”, diz.

De acordo com a CEO, a visão analítica do colaborador é importante em momentos de gestão de crise, pois esses profissionais podem ajudar a identificar possíveis cenários e seus desdobramentos. Roberta ressalta que, se bem capacitados e seguros de seus papéis de protagonismo, esses colaboradores podem se tornar multiplicadores de mensagens reputacionais positivas.

“É bom ressaltar que essa atuação só ocorre quando trabalhamos uma Comunicação Interna engajadora, com pertinência e frequência, de forma a fazer com que os colaboradores se sintam corresponsáveis pela estruturação de um pensamento ligado à gestão de riscos e crises de imagem. Empoderamento aqui é fator condicionante de sucesso. E a Comunicação Interna atua fortemente na elaboração desse colchão reputacional”, explica.

Transparência como principal norteador

Qualquer reputação é construída por laços de confiança. No mundo corporativo, essa relação também se aplica. Por mais confidencial que determinado assunto ou decisão seja, sabemos que é muito difícil manter pleno controle sobre como as informações circulam. Dessa forma, atuar com integridade e transparência representa uma excelente oportunidade para trabalhar a imagem da empresa.

Para Roberta Machado, a transparência deve nortear o papel estratégico da Comunicação Interna. “Olhar com humanização para todas as etapas do processo, compreendendo as reais necessidades e inquietudes das pessoas que, de alguma maneira, sentirão os impactos dessa decisão é algo fundamental”, defende a CEO.

Maria Fernanda Almeida, fundadora e diretora da Incanto Comunica, outra agência parceira da Dialog, concorda com essa perspectiva. Segundo ela, a comunicação objetiva, transparente e frequente ajuda a reduzir a ansiedade e o medo, além de fortalecer a confiança e a coesão da equipe. 

“Por isso, investir na Comunicação Interna é essencial para enfrentar crises. É importante criar canais de comunicação efetivos, estabelecer um diálogo aberto e honesto e oferecer suporte aos colaboradores para que possam lidar com as mudanças e os desafios de forma mais decisiva. Assim, a equipe consegue trabalhar de maneira colaborativa e se adaptar rapidamente às novas demandas”, explica.

Canais como aliados à gestão de crise 

Se dar protagonismo ao colaborador e trabalhar as informações com transparência é importante, ter um canal adequado para construir essa ponte é fundamental. Afinal, a matriz de Comunicação Interna precisa ser bem estruturada para que consiga suportar e conduzir as estratégias definidas no planejamento de gestão de crise. 

“A escolha de um canal de comunicação pode influenciar na forma em que uma crise é conduzida internamente, pois cada canal possui suas particularidades e pode ter um alcance e uma efetividade diferentes em determinadas situações”, destaca a fundadora da Incanto.

Nesse sentido, é importante que, além de entregar mensagens de forma eficiente, o canal escolhido consiga também mensurar o desempenho da comunicação naquele momento. Caso contrário, a empresa enfrentará dificuldades para entender se, de fato, a crise está sendo bem gerenciada. 

“Canais que funcionem como espaços colaborativos, de aprendizagem mútua, e com métricas muito bem definidas de engajamento são fundamentais como aliados. Plataformas digitais integradas a um analytics ajudam muito”, reforça a CEO da InPress, enfatizando a importância de definir indicadores de performance.

Roberta ainda destaca a importância de explorar as possibilidades de comunicação. “Podemos trabalhar campanhas de sensibilização sobre o tema, promover rodas de conversa, fóruns de discussão sobre boas práticas em gestão de crise, bem como trazer consulta acerca da governança e da política da empresa a esse respeito, em um diálogo virtuoso, contínuo e de mão dupla”, diz.

No mesmo sentido, Maria Fernanda defende a importância de trazer o colaborador para o centro da Comunicação Interna. Para ela, uma rede social corporativa pode ser uma excelente ferramenta nesses momentos – já que reúne diversas funcionalidades que estimulam a participação das pessoas.

“A grande vantagem é a possibilidade de criar campanhas de sustentação e receber o feedback dos times instantaneamente. Além disso, com a rapidez de uma plataforma multicanal como a Dialog, há uma redução significativa de fake news, gerando mais confiança e promovendo um ambiente de trabalho melhor”, finaliza a fundadora da Incanto.

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