É provável que essa tenha sido a pergunta que mais fiz ao longo do ano. Não poupei oportunidades e sai a procura de respostas em conversas particulares com lideranças e equipes da agência, dos clientes, do meio acadêmico, em cada porta entreaberta que surgiu em minha frente. Cada fresta se mostrou uma oportunidade. Também foi tema recorrente em painéis das edições Diálogos Supera, evento proprietário da Supera Comunicação, nos quais, com intencionalidade, provoquei discussões sobre como fortalecer a estratégia de comunicação interna em contextos de transformação e em ambientes complexos.
Parto da premissa que vivemos tempos intensos, em que as mudanças já são uma constante, desafiando os profissionais a revisarem seus papéis e moldarem suas atuações para entregas de valor. Nada parece refrear essa característica tão própria dos ambientes complexos onde estamos inseridos, seja no mundo, na sociedade, na rua onde moramos, nas organizações onde trabalhamos. Sim, tempos difíceis em que nossa saúde, vontades e prioridades são colocadas à prova.
Como agência e consultoria especializada em comunicação interna e cultura organizacional, direcionamos nosso olhar de estudo para entender as gerações e novas relações com o trabalho. Nos anos mais recentes, passamos a somar a isso nossas reflexões e fundamentos para chegar aonde comunicadores internos devem revisar suas atuações com base em uma estratégia clara, que permita entregas diferenciadas em meio às transformações. Afinal, fazer mais do mesmo, o que até pouco bastava, já não é ponto de chegada.

Pelo início: o que devemos entender como Comunicação Interna em ambientes complexos?
Como lideranças de equipes de comunicação: o que fazemos hoje garantirá o novo futuro que já começou? O que continuar a fazer, o que descontinuar, o que entregar de diferente?
Como comunicadores internos: até quando a insistência em modelos consagrados garantirá a atenção dos públicos-alvo? O que tem importância em meio a uma sociedade em que tudo parece tão múltiplo, transitório e desinteressante?
Uma das compreensões que temos sobre Comunicação Interna Estratégica relaciona a especialização a engajar, motivar e integrar os colaboradores à cultura e à visão da empresa.
Creio que só isso não basta. Esse é o jogo que se espera que seja jogado. O que vai além?
Tenho orientado nossos clientes de que não há um único caminho em ambientes complexos.
Se vivemos tempos em que a personalização é a chave para o ganho da atenção e valorização do conteúdo, as áreas de Comunicação Interna precisam recriar sua estratégia de atuação customizada para o que é a empresa naquele seu determinado momento. O que deve levar em consideração objetivos específicos, maturidade da cultura, perfil da alta liderança e do time de comunicação, além de recursos disponíveis.
Estratégia: para vencer uma guerra, precisamos escolher as batalhas
Compartilho o que acredito serem direcionadores relevantes para uma nova atuação em ambientes complexos.
- Desenhe objetivos alcançáveis
Se a comunicação interna é uma atribuição da área de Comunicação Corporativa ou de Recursos Humanos, as entregas serão muito diferentes. Cada qual com seu valor. Os objetivos primários e secundários precisam ser claros e acordados com as lideranças específicas.
- Nem sempre dá para revolucionar uma cultura resistente
As culturas organizacionais são únicas. Não reforço aqui a decisão vaga de apontar as melhores e piores. Eu me refiro a simplesmente ter a compreensão de que modelos que conhecemos em congressos de comunicação podem não ser aplicáveis na empresa que você atua. Ao assistir uma palestra-case matadora, você pode ter dois tipos de reflexão: “Opa! Hora de procurar um novo emprego” ou “Então, vamos à luta!”. Neste caso, tentar mudar pelo que se tem mais argumentos para o convencimento.
Vale lembrar que inovação em ambientes complexos não se limita apenas à criação de alguma coisa totalmente nova, mas também está relacionada à aplicação de estratégias e melhorias importantes no que já é existente.
- Mapeie os perfis da alta liderança
Identifique quem são potenciais apoiadores de uma nova forma de pensar e avançar em prol de uma comunicação interna estratégica. Construa parcerias, estabeleça etapas, dê visibilidade aos avanços e barreiras, mantenha diálogos. Não é fácil, mas é necessário.

- Pense de acordo com os recursos disponíveis
O céu é o limite, mas nem tudo convém.
Aqui vale a conscientização de um pouco de muito: da verba para investimentos; licenças de softwares e ferramentas ao alcance; o que cabe ser feito dentro das jornadas reais de trabalho; entre outras lembranças que passam na sua mente enquanto lê este artigo.
- Entenda, respeite e desenvolva o perfil da equipe de comunicação
Por fim, combine o esquema tático de acordo com o time que você conta. O que cada profissional entrega de melhor? Dentro de um ambiente complexo, quem pode assumir uma postura cada vez mais consultiva? Como apoiá-los no desenvolvimento individual e coletivo? Como crescer o engajamento da organização e melhorar a comunicação interna a partir da sua própria equipe?
Aumente o valor da Comunicação Interna em cada entrega
Em suma, atuar com Comunicação Interna em ambientes complexos exige mais do que criatividade ou domínio técnico: requer clareza de estratégia, sensibilidade para compreender contextos e coragem para experimentar novas formas de se conectar com as pessoas. O valor das entregas nasce justamente dessa capacidade de interpretar o cenário, traduzir as necessidades da organização e transformar comunicação em movimento, aprendizado e cultura viva.
Porque, no fim, comunicar internamente não é apenas informar: é construir sentido, fortalecer vínculos e inspirar um futuro organizacional mais consciente e colaborativo.

Por José Luis Ovando, sócio-diretor de Estratégia e Atendimento na Supera Comunicação.
O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.




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