Gosto de espiar o mundo. Desde pequeno, aprecio sentar num banco de praça e prestar atenção nas pessoas. Pratico o exercício de imaginar suas estórias. Gosto de ler notícias, fatos do dia e pensar nas suas consequências para as próximas décadas, numa tentativa de prever os rumos da nossa história. 

Tento, quase como um hobby, entender o mundo antes que ele me surpreenda. Em 2023, espiei demais o nosso mercado de comunicação. Consumi tudo o que pude, como eventos, artigos, pesquisas, encontros presenciais, conversas e pausas para inúmeros cafés. Tudo numa tentativa de enxergar para qual lado devemos ir como profissionais (e pessoas) satisfeitos pelo que entregam em seus trabalhos. E são muitas as transformações que estão reconfigurando as nossas atribuições.

Sendo assim, pensando em ajudar os leitores, compartilho alguns desses caminhos (achismos, se assim preferir!) que serão minhas apostas para trilhar os novos tempos na produção de uma Comunicação Interna de valor para aqueles que a fazem.

De profissionais generalistas a especialistas: quanto mais conhecimento específico, maior o nosso valor para as organizações.

Tradicionalmente a formação do profissional de comunicação sempre foi bastante aberta, pois é necessário conhecer de tudo um muito. Porém, como o mundo tem se tornado cada vez mais complexo – e aqui se aplica, entre tantas outras possibilidades, o novo (e constante) olhar para a relação com o trabalho, as mudanças no consumo da informação, a digitalização crescente em nossas vidas, as fake news e os impactos na sociedade e nos ambientes organizacionais –, a multiplicidade de temas com os quais precisamos lidar oferecerá oportunidades crescentes para comunicadores especialistas.

Isso é ótimo! Afinal, aquele que detém conhecimento terá mais chances de uma atuação consultiva – pondo a mão na massa, sim, mas também sendo constantemente ouvido para ajudar na tomada das decisões. Esse profissional será aquele que gestores de diferentes áreas se lembrarão de convidar para reuniões. Será aquele que faz uma Comunicação Interna de valor.

Comunicação Interna cada vez mais de dentro para fora: ESG, marca empregadora e Diversidade, Equidade e Inclusão. Ainda há muito o que fazer.

Ok! Há tempos não existe mais apenas Comunicação Interna. Mas a novidade é que iremos, cada vez mais, produzir conteúdos que serão pensados desde o início para canais internos e externos. Sim, uma Comunicação Interna para fora.

Pessoas que conheçam a fundo a real cultura da sua organização e dominem técnicas e narrativas serão os profissionais mais adequados para produção de valor. Não apenas, mas notadamente para ESG, Employer Branding e Diversidade, Equidade e Inclusão, frentes que têm aberto espaços para grandes e significativas entregas. Quer uma prova? Basta analisar os cases mais premiados em 2023 e identificar em quais temas eles orbitaram.

Há temas que exigirão letramento durante muito tempo; outros, o despertamento para a conscientização e a mudança de comportamentos ou, ainda, a valorização constante daquilo que a organização empregadora oferece. É um trabalho a longo prazo, pois há muito o que ser construído e consolidado.

Precisaremos provar o valor das nossas entregas. Mensuração, mais do que nunca, é pra valer.

Cá entre nós, durante bons anos pouco se aplicava de mensuração na Comunicação Interna. Sem dúvida, a vida era mais fácil. Hoje, a maioria das áreas tem seus KPIs e processos, mas ainda em um nível básico. É tempo de aprofundar metodologias, expandir o uso de ferramentas e cruzar resultados. 

Por exemplo: mais do que alcance, é preciso avaliar a retenção e a compreensão das mensagens que produzimos. O sonho de consumo é aplicar métricas que avaliem se a Comunicação Interna contribui, de fato, para a mudança de comportamento ou o manejo da cultura organizacional. Nesse sentido, o conhecimento e a tecnologia já estão disponíveis e, de certo modo, até com grande acessibilidade para empresas dos mais diversos portes e verbas.

Se no mix de canais de CI da sua empresa ainda não consta uma rede social corporativa, é provável que seja uma questão de tempo para que essa ferramenta seja adotada; afinal, ela possibilita um canal de comunicação mais acessível e mensurável. Entregar relatórios com dados e análises é mais do que esperado ao final dos ciclos, é a principal forma de defender e provar que caminhamos para uma Comunicação Interna de valor.

Então, façamos nossas apostas! Vamos, cada vez mais, provar nosso valor como profissionais de Comunicação Interna. Quanto mais cenários desafiadores, mais oportunidades para aqueles que precisam traduzi-los em práticas. 

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