Transparência como estratégia: é impossível não se comunicar

por | 10/07/2025 | Boas Práticas, Happy, Parceiros

Imagine trabalhar em uma empresa na qual a informação sempre chega atrasada, filtrada e sem transparência — mostrando só o lado bom da história. Agora, pense no impacto de receber uma carta do CEO dizendo com franqueza: “Ainda não tenho todas as respostas. Esse processo está em curso. Assim que tiver definido, vocês serão os primeiros a saber”.

Isso muda tudo, não muda?

Quando o silêncio comunica mais do que palavras

Esse exemplo me leva a refletir sobre um princípio essencial da comunicação humana formulado por Paul Watzlawick, psicólogo austríaco: é impossível não se comunicar.

Segundo ele, todo comportamento, incluindo o silêncio, transmite uma mensagem. Um comunicado que não chega, uma decisão que não é explicada, uma TV desligada, um mural desatualizado… Tudo isso “fala”. Tudo isso comunica.

E talvez seja justamente por não considerar esse princípio com a devida atenção que algumas empresas acabam enfrentando, em maior ou menor grau, uma desconexão entre discurso e prática.

O que aprendemos ao ouvir quem está dentro da empresa

Nos diagnósticos de Comunicação Interna e Endomarketing que realizo com colaboradores em diferentes países e contextos organizacionais, algumas frases se repetem:

  • “Não percebo a empresa comprometida em manter o colaborador informado.”
  • “A gente fica sabendo sobre a organização pelo LinkedIn e não pelos canais internos.”
  • “A liderança tem o domínio das informações, mas não compartilha conosco”.
  • “A empresa tem um discurso nos seus canais institucionais e outro nos canais de Comunicação Interna.”

O que essas falas revelam é uma lacuna de percepção, e essa lacuna se chama falta de atenção com a Comunicação Interna.

Nos planejamentos de Comunicação Interna e Endomarketing que desenvolvemos, essa é uma das premissas mais importantes: não existe “não comunicação”. 

Quando a empresa se cala, hesita ou evita falar sobre determinados temas, a comunicação acontece do mesmo jeito, seja nos corredores, no WhatsApp, nas interpretações individuais, nos grupos privados do Facebook e no Telegram. E, muitas vezes, com ruídos e distorções.

A transparência na comunicação é um dos pilares para fortalecer a cultura organizacional. Em um ambiente no qual todos têm acesso às mesmas informações, os valores e a missão da empresa são reforçados, promovendo uma cultura mais inclusiva, colaborativa e alinhada.

É por isso que defendemos uma comunicação sistemática, consistente e frequente. Uma comunicação que não só comunique sobre os valores, a missão e o propósito da empresa, mas que atualize os colaboradores sobre como esses princípios se conectam às decisões, às iniciativas e aos movimentos da organização no dia a dia. Assim, é possível construir credibilidade e pertencimento.

Porque, quando o colaborador percebe que a empresa não está sendo transparente, não é só da área de comunicação que ele desconfia. É da empresa. E isso tem impacto direto na reputação, no clima organizacional e no engajamento.

Como costuma dizer Analisa Brum, fundadora da Happy, referência em Comunicação Interna no Brasil: “A transparência não é só uma boa prática, é a essência da comunicação dentro das empresas. Informação clara, verdadeira e acessível é o que mais aproxima pessoas e organizações. Gera vínculo. Gera valor”.

Estrutura, consistência e liderança: os pilares da Comunicação Interna transparente

Isso não quer dizer que tudo precisa ser comunicado de qualquer jeito. Excesso de informação sem critério também atrapalha. No entanto, especialmente em tempos de mudança, é importante lembrar: ficar em silêncio diz muito. E de um jeito negativo. “Maquiar” o tom ou tentar “proteger” os colaboradores, omitindo ou suavizando informações, pode ter o efeito oposto: quebrar a confiança e ampliar o distanciamento.

Para mudar isso, não basta boa vontade. É preciso estrutura. E estrutura, aqui, significa ter um sistema de Comunicação Interna e Endomarketing estratégico, claro e bem definido, composto por meios, canais, editorias e grupos de conteúdo, além de uma linguagem alinhada à cultura e fluxos consistentes de produção. 

Também é fundamental engajar as lideranças como líderes comunicadores ativos, preparados e responsáveis por fortalecer os vínculos com suas equipes. Quando isso está funcionando, a área de Comunicação deixa de ser apenas executora de tarefas e passa a ser uma parceira estratégica do negócio.

A confiança nasce da consistência, da frequência e da clareza, e é isso que sustenta relações reais entre empresas e pessoas.

Porque comunicar de forma transparente é refletir a cultura que a empresa deseja fortalecer. É dizer: “Confiamos em você, queremos que caminhe junto e, por isso, vamos dividir o que sabemos, inclusive quando ainda não temos todas as respostas”.

E essa, talvez, seja uma das mensagens mais poderosas que uma organização pode transmitir.

Por Ana Carolina Holderbaun Bolsson, Executiva de Planejamento na HappyHouse.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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