Especialista compartilha estratégias de Comunicação Interna no Agronegócio

por | 22/05/2025 | Boas Práticas, Comunicação Interna, Engajamento, Métricas

O Agro é um dos motores da economia brasileira e também um dos terrenos mais desafiadores para uma comunicação efetiva com os colaboradores. A Comunicação Interna no Agronegócio precisa lidar com desafios como profissionais atuantes em diferentes cidades, diversidade geracional, além de variados turnos e níveis de escolaridade.

Engajar esse público tão complexo exige estratégia, criatividade e uma comunicação que fale a linguagem do campo e conecte pessoas de ponta a ponta. E para falar sobre quais estratégias são essas, convidamos Marilise Mônaco para ministrar uma masterclass especial.

Em 20 anos de carreira, Marilise passou por grandes empresas do Agro, Varejo e Indústria, como Carrefour, GPA, Casas Bahia e Raízen, atuando na Comunicação Corporativa de forma integrada. Mas nesse universo, como um filho preferido assumido, Marilise se especializou na comunicação e no relacionamento com o público interno, pois sabe o papel que essa prática desempenha na construção de uma cultura organizacional sólida, que é essencial para o sucesso da companhia e o alcance de resultados.

Você pode assistir ou escutar a masterclass na íntegra.

Comunicação Interna no Agronegócio: desafios e desejos

Marilise iniciou sua masterclass contando como chegou na Comunicação Interna no Agronegócio. A profissional fez a migração depois de 13 anos no Varejo, setor que conta com um cenário dinâmico, um público diverso e um quadro de quase 40% de turnover.

“Ou seja, a gente está sempre contando a mesma história de integração, de cultura e de engajamento para trazer os colaboradores para esse universo.”

Ela confessou que imaginava que o Agronegócio seria similar, mas encontrou camadas extras que tornavam o cenário ainda mais complexo:

  1. Predomínio de público operacional: de 60 a 75%;
  2. Diversidade de perfis: cultura, faixa etária, geografia, natureza de trabalho, escolaridade e turnos.

“Quando eu estava na Raízen, por exemplo, a gente tinha colaboradores que iam direto — quando chegavam no trabalho — sem passar na unidade, para trabalhar no campo. Você chega, sobe em um trator e vai direto para a colheita. Como eu vou me comunicar com esse público? Não passa nem pelo refeitório, não dá para fazer um papel bandeja para falar com ele. Então você [profissional de CI] tem que ser muito criativo nas estratégias, em tantas formas de comunicar, e você vai encontrando desafios.”

Marilise compartilhou que a equipe de CI na empresa cogitou até a criação de uma rádio própria e chegaram a ir até Brasília para conversar com representantes da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e entender a viabilidade do projeto (colocar antenas espalhadas pelo território nacional para que o público operacional sintonizasse dentro das máquinas).

Outro ponto enfrentado na gigante do Agro era a necessidade de comunicar e disponibilizar documentos importantes para profissionais administrativos alocados fora do Brasil, que não falam português e recebiam comunicações gerais, incluindo de benefícios que somente os colaboradores brasileiros possuíam.

“São 60 pessoas… Será que vale traduzir todos os documentos da companhia, as políticas? Vale, porque falamos de 60 hoje, mas se você quer ter uma empresa internacionalizada, você precisa dar esse passo.”

Ela considera que é necessário cada vez mais segmentar os públicos e olhar com muito carinho para suas necessidades.

Ao falar dos desejos da Comunicação Interna no Agronegócio, o engajamento é o primeiro ponto citado pela especialista. “Tudo que é feito para gerar engajamento passa pela comunicação”, destaca.

Marilise falou sobre dados de uma pesquisa feita pela Indicafix, que fez uma comparação direta entre CI no Agro e em outros setores. O alcance é apontado como grande desafio da área nas duas vertentes, mas o percentual no Agronegócio é quase o dobro quando comparado com os demais segmentos.

Isso se dá porque o estudo mostra que, em média, de 26% a 50% dos colaboradores de empresas do Agronegócio possuem acesso ao computador durante sua jornada de trabalho.

Ao mesmo tempo, 100% das empresas do Agro que participaram da pesquisa afirmaram usar o e-mail como principal canal de comunicação, o que faz com que a conta não feche.

Entretanto, olhando para o futuro, rede social corporativa, aplicativo e podcast foram as ferramentas mais citadas como desejo de adesão por parte dessas organizações, o que mostra o reconhecimento da necessidade de opções digitais e móveis para alcançar os públicos internos.

Aliados

Marilise também citou dois grupos que podem ser aliados da Comunicação Interna na hora de chegar nos públicos internos: a liderança e os influenciadores.

No caso dos líderes, o estudo da Indicafix mostrou que 100% dos entrevistados consideram importante a liderança no Agro apoiar na disseminação de informações, mas somente 40% estão envolvidos ou muito envolvidos.

E o que justifica essa baixa porcentagem? Para Marilise, a liderança está cansada e infoxicada.

“A gente está recebendo muito e-mail. A liderança está recebendo, em média, 100 e-mails por dia. Mas não é só e-mail: é Teams para cá, WhatsApp para lá… É uma avalanche de dados todos os dias, que gera a fadiga desses olhos.”

Esse cansaço diminui a produtividade do líder, resulta na perda de foco e na dificuldade de transmitir as informações às equipes e, consequentemente, desengajando times.

Para evitar isso, profissionais de Comunicação Interna podem investir em canais específicos para líderes, capacitar esse público e promover encontros para falar sobre liderança comunicadora.

Ela citou como exemplo uma experiência enquanto trabalhava na Via Varejo (agora Grupo Casas Bahia), quando o time de CI tinha o Via Líder, um resumo simples do que precisava ser passado para o colaborador e para os times.

“Às vezes precisamos pensar de forma simplificada, fazer o básico bem feito para não sobrecarregar a liderança.”

Sobre os influenciadores internos ou agentes de Comunicação Interna, Marilise afirma que a área precisa de ajuda, principalmente em casos em que a informação precisa chegar a milhares de pessoas.

Na Raízen, o programa foi implantado de forma estruturada, com metas a serem atingidas e reconhecimento por parte da empresa e da liderança.

Prós e contras de canais

Mônaco compartilhou sua visão sobre vantagens e desvantagens de alguns canais:

E-mail e chat interno: 

  • Prós: Segmentável*, mensurável e confiável.
  • Contras: Muitos envios por mês (média de 61 por mês, segundo a PoliteMail), média de abertura de 68%, atenção de 54% e engajamento de apenas 34%. Conteúdos longos, títulos nada atraentes e textos com muitos jargões corporativos.

Uma questão levantada pela especialista é que, para uma segmentação eficaz, é preciso contar com um bom mailing — algo considerado um desafio por ela.

WhatsApp

  • Prós: Democrático, ágil e permite a criação de grupos e comunidades, compartilhamento de mídias e recursos adicionais, como enquetes.
  • Contras: Segurança de dados e vazamento de informações, conformidade e registro, gestão do mailing e grupos, não mensurável e sobrecarga de informações.

“Sabe como me sinto quando uso o WhatsApp [como canal de CI]? Soltando comunicação ao vento, porque eu não sei para onde ela está indo, como essa comunicação vai ser usada, replicada e o que acontece depois que eu mando.”

Jornal/mural impresso

Chamado por Marilise de “canal de boa vontade”, a ferramenta depende de alguém imprimir e trocar/distribuir o material, seja um agente de Comunicação Interna ou outro profissional.

Ela considera também que não é um canal de CI, mas sim da unidade, que vai querer colocar conteúdos como: aniversariantes do mês, funcionário do mês etc.

A periodicidade também é um ponto negativo: por se tratar de uma ferramenta off-line, os conteúdos não são quentes (recentes) e sim mais perenes, o que — para a especialista — se torna paisagem.

Como pontos positivos, ela cita a possibilidade de ligar o off ao on-line com o uso de QR codes nas comunicações no mural, mas é preciso ter cuidado para onde o colaborador será direcionado, se todos podem acessar (com login etc.).

A digitalização é necessária

Mônaco também reflete sobre como as empresas devem se aproveitar do fato de que o uso de celulares para se conectar com outras pessoas já é um hábito dos brasileiros. Entra aí a oportunidade de usar ferramentas como a rede social corporativa como canal de Comunicação Interna.

“Traz alcance, ou seja, a gente chega onde não conseguia chegar, traz inclusão, que é dar voz a quem não tinha voz: eles [colaboradores] podem publicar conteúdos, falar, colocar tudo que não era possível; a gente pode fazer a segmentação desse público, a personalização e — o sonho da vida! — a hiperpersonalização, que você consegue diminuir a sobrecarga de comunicação e aumentar a relevância. Para isso, precisamos de dados e tecnologia para filtrar os interesses dos colaboradores e não só o que a gente [CI] quer mandar para eles. (…) E é assim que conseguimos chegar no tão sonhado engajamento.”

Dito isso, ela também levanta os cuidados necessários para adotar esse tipo de ferramenta na Comunicação Interna (no Agro ou em outros setores):

  • Profissionais de CI não devem depositar toda a responsabilidade na plataforma em si, é preciso fazer uma gestão e estratégia para garantir que colaboradores acessem e se engajem.
  • Aproveite os dados que esse tipo de ferramenta fornece (IA pode ajudar nesse ponto).
  • Não adaptar textos para esse tipo de ferramenta: por exemplo, não é estratégico replicar o texto feito para um e-mail em uma rede social corporativa. Aposte em vídeos e conteúdos curtos e rápidos.

Ela compartilhou mais uma ação de sucesso na Raízen: na época de eleições, lideranças pediram que a área de CI fizesse um material do que colaboradores poderiam ou não fazer. Como solução, pensando no tema (que não necessariamente chamaria a atenção dos colaboradores), a área decidiu produzir um vídeo especial baseado em um quadro famoso de um reality show conhecido.

Marilise ainda contou sobre outro exemplo, dessa vez referente a uma campanha de segurança do trabalho (tema crucial no Agronegócio e em setores como Varejo, Logística etc.): foi criado um concurso cultural para apresentar os novos pilares para os colaboradores, que podiam enviar clipes/músicas. O resultado: cerca de 200 participações!

“É tornar um assunto sério, algo leve. É o corporativo ‘fun’. E como fazer isso? Usando muito a criatividade e enxergar o que é tendência nas redes sociais para não deixar chato.”

Para finalizar, Marilise respondeu a uma dúvida comum de profissionais de Comunicação Interna no Agronegócio: é possível implementar a ferramenta quando há temporadas de safra e, com isso, a contratação de muitos colaboradores temporários? A resposta é: sim!

“Antes, quando falávamos de rede social [corporativa], pensávamos muito em e-mail e como isso gerava um custo para a empresa [de gerar esses e-mails]. Hoje temos soluções mais simples, como atrelar [o login do colaborador] ao CPF ou ao número de matrícula. E você consegue fazer isso no tempo de permanência do colaborador.”


A Dialog, por exemplo, permite que o login seja feito via CPF, número de matrícula e e-mail. A plataforma permite a segmentação de conteúdos, grupos etc. Conheça agora!

Assinatura Marcela hub nova

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