Construir uma matriz de canais de Comunicação Interna é uma etapa que determina o sucesso ou o fracasso da estratégia da área.
Um estudo da Gallagher apontou que apenas 20% das equipes de Comunicação Interna concluíram o processo de revisão de canais. Esse é um sinal alarmante, já que não basta gerenciar várias plataformas se elas não são efetivas ou não engajam os colaboradores.
Para falar sobre o assunto, convidamos José Luis Ovando, sócio-diretor de Estratégia e Atendimento na Supera Comunicação para ministrar a segunda masterclass da Semana do Planejamento da Comunicação Interna.
Ele possui 25 anos de experiência e é sócio-fundador da Supera Comunicação, agência especializada em comunicação e cultura organizacional. A agência tem unidades nas cidades de São Paulo (SP), São José dos Campos (SP), Fortaleza (CE) e Salvador (BA), alcançando a marca de mais de 300 empresas – de médio e grande porte – atendidas. José também é coautor do livro “Ensaios sobre Comunicação com Empregados. Múltiplas abordagens para desafios complexos”, e organizador geral do livro “Diálogos Supera, uma coleção de experiências para aprimorar a comunicação com empregados”.
Além da aula, a Dialog criou um conteúdo prático complementar: um teste para você descobrir se a Comunicação Interna está praticando infoxicação na sua empresa. Você pode assistir à transmissão e baixar o material clicando neste link.
Matriz de canais de Comunicação Interna e infoxicação
É preciso ter muito cuidado na hora de desenhar a matriz de canais de Comunicação Interna para não correr o risco de causar infoxicação nos colaboradores.
“Existe muita informação disputando nossa atenção e, como não somos máquinas, a gente pode facilmente adoecer em razão de tudo isso”, comentou José Luis.
De acordo com o sócio-diretor, os times de Comunicação Interna devem assumir uma posição de curadoria e entender o que tem valor e merece atenção.
Segundo ele, as áreas não conseguem combater a infoxicação porque nós vivemos em uma sociedade na qual as pessoas são bombardeadas por conteúdos desde o momento que acordam até quando se deitam para dormir. O segredo, para ele, é investir tempo no planejamento editorial.
“Provavelmente, se você trabalha em uma empresa, você tem seu planejamento anual de Comunicação Interna. Isso é bastante comum. Mas eu vejo raríssimas empresas que têm um planejamento específico editorial, ou seja, de assuntos e temas que realmente valem a pena prestar atenção.”
José ponderou também que o momento atual para profissionais de CI pede menos produção de conteúdo e mais prestação de serviços, uma forma de mostrar valor perante colaboradores e a organização como um todo.
Ele afirmou que depois de realizar um diagnóstico de Comunicação Interna, as áreas possuem informações suficientes para repensar os canais e tomar decisões seguras. José ainda ressaltou que cada pessoa consome conteúdo no seu tempo, do seu modo e conforme sua vontade.
Sendo assim, a área precisa analisar qual é a relevância dada pelos colaboradores para os diferentes canais utilizados pela CI, bem como o que eles retêm de mensagens em cada canal e do que eles lembram a partir do que foi compartilhado.
Conhecer os públicos internos impacta a definição da matriz de canais. O sócio-diretor explicou que, normalmente, é possível separá-los em grandes grupos. Por exemplo: em uma empresa do Agronegócio, existe o público administrativo, o do setor industrial e o que atua na agricultura.
Para José Luis, é fundamental que a Comunicação Interna ultrapasse essas barreiras.
“O que a área de Comunicação Interna faz, mais do que fornecer informações, é estabelecer relacionamentos com esses grupos. Nós temos, sim, o nosso principal grupo – que sempre será os colaboradores. Inclusive, muitas empresas já compreendem que há uma extensão de informações, pois sabem que o colaborador vai levar a mensagem para sua família. Isso pode ser muito bom, porque se alguém decide pedir demissão, possivelmente vai comunicar primeiro para a família e aí vai ter apoio ou não. Então, se quisermos reduzir o turnover, a gente também tem que compreender a família como um ponto de contato.”
José também compartilhou outros grupos com os quais a Comunicação Interna deve se relacionar. Veja:
O que comunicar
Indo além dos canais, é preciso pensar também no conteúdo. José aproveitou para lembrar do difícil, mas necessário, equilíbrio entre o que a empresa quer comunicar e o que os colaboradores querem saber.
“É preciso passar informações que são estratégicas e é preciso também transmitir informações que são parte da rotina”, disse.
Para desenhar então o que será comunicado, o sócio-diretor contou que usa um modelo criado pelo consultor americano Roger D’Aprix, que aponta as necessidades informacionais dos colaboradores.
E o planejamento editorial? Precisa ser feito! José deu algumas dicas valiosas para essa etapa:
- Nem tudo merece virar campanha;
- Nem tudo é notícia;
- Nem tudo interessa a todos;
- Nem tudo vale a atenção de muitos;
- Se for preciso comunicar, vale analisar a segmentação do assunto.
Outra boa prática citada pelo palestrante é o mapeamento de palavras-chave, o que ajuda os times de Comunicação Interna a definir o que é de fato relevante para o negócio e a cultura.
O ponto de partida é entender se a CI é uma atribuição da área de Comunicação Corporativa ou se está inserida na área de RH. Segundo José, existem grandes diferenças entre os direcionadores nos dois cenários.
“Vocês entenderem onde está a Comunicação Interna na organização é um bom jeito de começar a mapear quais são as mensagens principais”, mencionou.
O segundo fator a ser analisado é identificar o que contribui para o negócio e para a cultura, assim como definir se o foco da comunicação está no curto, médio ou longo prazo.
Por último, ao fazer essa priorização de temas que serão trabalhados nos canais de CI, é preciso que a área seja defendida na hora de dizer “não” e de fazer acordos com a alta liderança.
Em seguida, José compartilhou uma tabela que ajuda profissionais da área a fazer esse filtro tão importante.
Para finalizar, o sócio-diretor afirmou que tudo comunica. Porém, ressaltou que os times de Comunicação Interna devem abrir espaços de tempo para uma informação de qualidade.
Ele ainda falou sobre um exemplo de ecossistema de canais, colocando uma plataforma ou rede social corporativa no centro, o que facilita o alcance de todos os públicos.
“Acho interessante, porque cada vez mais temos tecnologias que permitem fazer essa segmentação do conteúdo conforme o que as pessoas desejam. Ou seja, por grupos e por comunidades, a gente atinge uma área específica”, finalizou.
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