A brevidade da comunicação na Era Digital: um desafio constante

por | 15/10/2024 | Comunicação Interna, Parceiros, United Minds

Em um mundo pós-VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) e pós-BANI (Fragilidade, Ansiedade, Não linearidade e Incompreensibilidade), as empresas enfrentam o desafio de comunicar temas sensíveis e complexos para seus colaboradores. Esse desafio é amplificado pela atenção efêmera e pela tendência de evitar conteúdos profundos.

A era da desatenção

A chance de você ler este artigo até o final é pequena. No cenário atual de gratificação instantânea, as pessoas estão acostumadas a consumir informações e entretenimento em doses curtas. Textos mais longos exigem tempo e atenção, que muitos não estão dispostos a oferecer. A avalanche de dados em tempo real e a proliferação de microconteúdos contribuem para a fragmentação da atenção, tornando a comunicação tradicional menos eficaz.

Déficit de atenção

As telas dominam a vida moderna, resultando em um custo cognitivo significativo. Um estudo da Microsoft revelou que 77% dos jovens pegam seus telefones assim que têm um momento livre. Daniel J. Levitin observa que consumimos uma quantidade de informação equivalente a 175 jornais por dia, 30 vezes mais do que há 30 anos. Com a capacidade de concentração reduzida a apenas oito segundos, as gerações atuais se distraem facilmente e preferem informações rápidas e superficiais, levando à ignorância de conteúdos mais longos e profundos.

Economia da Atenção: a disputa pela concentração

Herbert Alexandre descreveu a atenção como mercadoria em 1970. A Economia da Atenção reflete a competição pela nossa concentração em um ambiente saturado de estímulos. Com o excesso de conteúdo, as pessoas têm mais poder de escolha, tornando a atenção um bem precioso. Dessa forma, estratégias eficazes para captar e reter a atenção são essenciais para o sucesso da comunicação.

Mais curto, mais rápido

Profissionais de comunicação frequentemente recebem feedback como “O conteúdo está aprovado, mas precisa ser mais enxuto” ou “Vamos cortar o vídeo para dois minutos”. Notícias são mais curtas, filmes são acelerados e plataformas como YouTube e TikTok incentivam conteúdos de poucos segundos. A troca constante entre aplicativos e a natureza fragmentada das interações on-line comprometem a capacidade de focar por longos períodos, reforçando a preferência por uma comunicação visual e concisa.

A necessidade de discutir temas sensíveis

Os temas enfrentados pelas empresas hoje, como diversidade e inclusão, ética no trabalho, saúde mental, sustentabilidade e inovação, são complexos e exigem discussão profunda. Abordá-los superficialmente pode comprometer a compreensão e gerar resistência. Sendo assim, as empresas precisam garantir que esses temas sejam bem compreendidos e praticados pelos colaboradores, mesmo que comunicados de maneira enxuta.

A Comunicação Interna em transformação

Métodos tradicionais de comunicação para temas estratégicos não são mais eficazes. Com a saturação de mensagens e notificações, os colaboradores podem ignorar ou deletar comunicações internas, vendo-as como ruído. A sobrecarga de informações pode causar desconexão e burnout, afetando a produtividade e saúde mental dos colaboradores. Isso pode levar à apatia em relação às mensagens e impactar a percepção de valor no trabalho e na carreira.

Comunicação eficaz em 140 palavras

Como abordar temas complexos de forma eficaz em mensagens curtas? A chave está na clareza e objetividade. Identifique os pontos principais e comunique-os de forma direta. Use recursos como linguagem acessível, infográficos, vídeos curtos e outros formatos multimídia para transmitir mensagens de forma atraente e compreensível.

Para equilibrar a necessidade de tratar temas complexos com a tendência dos colaboradores a evitar conteúdos longos, siga estas estratégias:

1. Filtragem e curadoria de conteúdo: Garanta que apenas conteúdos relevantes sejam compartilhados, reduzindo a sobrecarga de informações e aumentando a percepção de valor.

2. Personalização: Adapte a comunicação para as preferências dos colaboradores, tornando-a mais relevante e envolvente.

3. Relevância das mensagens: As comunicações devem ser percebidas como úteis para o trabalho cotidiano dos colaboradores. Informações que impactam diretamente suas responsabilidades têm maior prioridade.

4. Segmentação da informação ou microlearning: Divida o conteúdo em pequenas doses fáceis de digerir, facilitando a absorção gradual de informações importantes.

5. Canais adequados: Utilize canais que os colaboradores frequentemente usam para aumentar a eficácia da comunicação.

6. Frequência e timing: Equilibre a frequência das comunicações e escolha o timing certo para maximizar a atenção dos colaboradores.

7. Utilização de multimídia: Incorpore vídeos curtos, infográficos e outros formatos para tornar a comunicação mais dinâmica e envolvente.

8. Narrativas impactantes: Use histórias envolventes para ajudar os colaboradores a se conectarem emocionalmente com o conteúdo.

9. Interatividade e feedback: Promova sessões interativas e canais de feedback para enriquecer a compreensão do tema e ajustar abordagens conforme necessário.

Difícil, mas não impossível

Adaptar-se às mudanças no comportamento de consumo de informação é crucial para o sucesso das empresas. A brevidade da comunicação não precisa significar superficialidade. Com estratégias certas, é possível garantir que temas importantes sejam discutidos e compreendidos, mesmo em um mundo de atenção escassa. Clareza, objetividade e inovação são fundamentais para criar um ambiente de trabalho informado e engajado, preparado para enfrentar os desafios futuros.

O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.

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