Falar sobre a saúde do colaborador é importante porque as pessoas estão sobrecarregadas – e não é de hoje! Segundo um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, estima-se que 15% dos trabalhadores em idade adulta tenham algum transtorno mental em determinado momento. Esses transtornos, que podem despertar ansiedade, depressão e Síndrome de Burnout, muitas vezes decorrem de jornadas exaustivas e do desequilíbrio completo entre rotina e bem-estar.
Para ter uma ideia, o Brasil é o país mais ansioso do mundo: 18,6 milhões de brasileiros convivem com o transtorno. Essa condição tem tudo a ver com o trabalho, pois segundo um estudo publicado em 2019 pela Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, a saúde mental é a segunda causa de afastamento laboral mais frequente – o que reflete significativamente no desenvolvimento econômico.
O prejuízo causado pela sobrecarga emocional ultrapassa qualquer diagnóstico. O mesmo estudo da OMS alerta que a depressão e a ansiedade podem custar anualmente US$ 1 trilhão por ano à economia global em perda de produtividade.
Ou seja: quando a saúde do colaborador não está em dia, as entregas e o engajamento também não estão.
Isso significa que a Comunicação Interna precisa estar atenta às necessidades dos colaboradores e preparada para construir uma cultura que sustente a felicidade no ambiente de trabalho.
Veja, a seguir, alguns pontos que merecem destaque.
Bem-estar no topo da prioridade
Nos últimos anos, com os modelos de trabalho híbrido e remoto ganhando força nas organizações, muitos colaboradores tiveram a oportunidade de ressignificar o tempo. As horas gastas no trânsito, por exemplo, passaram a ser aproveitadas para momentos de lazer e de autocuidado. E isso, além de fazer uma baita diferença na vida das pessoas, também ditou tendências para o futuro das empresas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Microsoft em 2022, 53% dos profissionais estão mais propensos a priorizar a saúde e o bem-estar acima do trabalho. Esse número é resultado da experiência vivida durante a pandemia, que fez com que as pessoas redefinissem suas prioridades em grau de importância. A dinâmica do trabalho está mudando e, hoje, o que era o desejado antes – como benefícios, escritório bem localizado, plano de carreira etc.– deixou de ser tão valorizado.
Em 2021, por exemplo, 18% das pessoas decidiram se demitir a partir do entendimento que a rotina profissional caminhava na contramão de suas prioridades pessoais. A principal razão desses desligamentos, com 24%, foi o foco em bem-estar e saúde mental. Surpreendentemente e ressaltando ainda mais essa inversão de prioridades, a ausência de promoções ou aumentos salariais foi a justificativa menos mencionada, com 19%.
Salário importa, mas cultura também
Não é que bons salários sejam superestimados, mas já faz algum tempo que a remuneração financeira deixou de ser fator decisivo para profissionais aceitarem ou permanecerem em uma posição de trabalho.
Segundo um relatório divulgado pela Glassdoor em 2019, 77% das pessoas consideram a cultura da empresa antes de se candidatar a um emprego e, quando se trata de satisfação, mais da metade delas considera a cultura mais importante que o salário.
A cultura organizacional está diretamente relacionada ao bem-estar dos colaboradores, pois eles precisam se sentir conectados à empresa para enxergar propósito em suas atividades e, consequentemente, ter uma rotina positiva, produtiva e satisfatória.
Felicidade corporativa tem a ver com saúde
Vários estudos já comprovaram a relação entre felicidade e saúde. Basta dar um Google para constatar que uma coisa tem tudo a ver com a outra, pois a forma como nos sentimos pode interferir no funcionamento do nosso corpo. Dessa forma, investir em felicidade corporativa também é priorizar a saúde do colaborador.
No Brasil, segundo a pesquisa Global Happiness 2022, 63% dos entrevistados se consideram felizes. Esse é mais um motivo para incentivar as empresas a despertar esse sentimento positivo em seus espaços. Afinal, o ambiente de trabalho é – em muitos casos – o lugar mais frequentado pelas pessoas. Faz todo sentido cultivar a felicidade ali!
A felicidade corporativa envolve muitos aspectos, que vão desde o clima organizacional à forma como as lideranças acolhem suas equipes. De acordo com um estudo da Gallup, colaboradores que se sentem apoiados por seus gestores têm 70% menos chances de desenvolver burnout regularmente.
As organizações que colocam a felicidade corporativa como uma meta a ser alcançada costumam colher resultados muito positivos. Além de promover bem-estar, cultivar a felicidade no trabalho é uma estratégia interessante para reduzir o turnover, melhorar o desempenho, aumentar a produtividade e minimizar a tensão entre os colaboradores.
A Comunicação Interna em meio a tudo isso
No final, falar sobre saúde é falar sobre pessoas – e a Comunicação Interna precisa ser feita para elas! A saúde do colaborador não pode ser pautada apenas na hora de contratar um plano de saúde corporativo. Mais do que uma estatística, esse indicador precisa ser o condutor de grandes mudanças organizacionais.
Para isso, é fundamental conseguir medir e avaliar o bem-estar das pessoas, a adesão à cultura e a felicidade corporativa. Até porque, não é possível melhorar aquilo que a gente desconhece. A Comunicação Interna precisa contar com ferramentas que auxiliem a mensuração de dados como esses. Caso contrário, a empresa jamais saberá como as pessoas que trabalham ali se sentem.
Essa é a mudança que as organizações precisam protagonizar. O discurso é importante, mas a prática é o que conduz a jornada de valorização do colaborador. Quanto mais as pessoas se sentirem inspiradas, motivadas e apoiadas no trabalho, menos esse trabalho impactará negativamente a saúde e o bem-estar delas.
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