Quando recebemos a missão de comunicar a cultura, na verdade estamos falando da cultura desejada pela organização em função dos movimentos de transformação do negócio.
A cultura desejada é explicada por meio de uma lista de comportamentos que, quando vividos na prática, ajudam a entregar a estratégia. Ela resume como a organização deve tomar decisões (princípios inegociáveis) e como as pessoas devem interagir umas com as outras e com seus clientes ou consumidores.
A Comunicação Interna tem um papel crítico nos processos transformadores. Porém, não fazemos sozinhos o milagre da transformação. Contamos com a participação do C-level, da liderança como um todo e da área de Recursos Humanos para garantir a coerência entre o dizer e o fazer.
O C-level e a liderança são responsáveis por tomar decisões que reforçam a cultura desejada e que ajudam a eliminar os obstáculos para que os comportamentos sejam vividos. Como disse o sábio Ben Horowitz, no título do seu best-seller, “Você é o que você faz: como criar a cultura da sua empresa”. Por exemplo, se comportamentos de inovação fizerem parte do movimento de transformação cultural, um massivo corte de custos não deve fazer parte das decisões imediatas.
Já o time de Recursos Humanos fica responsável por ajustar todos os touchpoints da experiência das pessoas colaboradoras, o EVP (Employer Value Proposition) e suas políticas e práticas à luz da cultura desejada. Além disso, a cultura também deve servir como base para a estratégia de learning da organização para garantir que as pessoas aprendam novas skills que facilitem e possibilitem a adoção da cultura desejada.
Portanto, o C-level, a liderança e a área de Recursos Humanos são responsáveis pela coerência entre o sonho e a realidade, entre a cultura desejada e a vida como ela é.
Voltando ao papel da Comunicação Interna, ficamos responsáveis por 4 Cs: Clareza, Contexto, Conexão e Consistência.
Utilizando a metodologia das narrativas estratégicas, conectamos, de forma clara, todas as mensagens da companhia. Narrativas contam a história e a razão por trás do movimento de transformação (história, propósito, visão estratégica, modelo de negócio, pilares estratégicos, cultura desejada e EVP).
E para garantir contexto e consistência, comunicamos a cultura desejada e tudo o que a reforça por meio dos canais de comunicação. É superimportante lembrar que, nos processos de transformação, o canal que dá o ponto de partida é o C-Level, a Comunicação Executiva. CEO, VPs e diretores devem desenvolver sua capacidade de comunicação e ter a narrativa na ponta da língua, para todas as reuniões com as equipes e nas mensagens e trocas do dia a dia.
Depois, é fundamental o envolvimento da liderança imediata para o desdobramento dessas mensagens, agregando o contexto dos times e promovendo interações. Em seguida, vem a hora de trabalhar os canais internos e as campanhas para reforçar o que já foi dito por líderes de todos os níveis.
Nos canais, a narrativa estratégica deve ser um filtro, um critério para o que deve ser priorizado como notícia. A pauta tem a ver com o propósito ou com a estratégia? Reforça a cultura desejada? Relaciona-se com a experiência de trabalho e impacta processos? Então é tema para as mídias internas. No mais, são altíssimas as chances de que a cultura vire só mais uma mensagem no meio de um mar de tantas outras que as equipes recebem no dia a dia, certo? Então, é preciso priorizar.
A comunicação interna pode, ainda, dar visibilidade às atitudes das pessoas que estão totalmente alinhadas com a cultura desejada, seja por meio de programas de reconhecimentos não financeiros, seja contando histórias da cultura vivida na prática nos canais, nas campanhas e em outras oportunidades. O objetivo, no final, é reforçar os comportamentos que devem ser mantidos e desencorajar as pessoas de continuar fazendo aquilo que não condiz mais com o momento e a construção do futuro da empresa.
É importante, no entanto, sempre ter em mente o que Horowitz diz em seu best-seller: “a empresa não é a declaração de missão, visão e valores listados na parede, não é o que diz ser nas reuniões. Não são as campanhas de marketing. Uma empresa é o que você faz”.
Comunicar cultura é muito mais do que promover campanhas ou estampar nos espaços físicos e digitais os comportamentos, princípios, valores, competências ou seja lá do que querem chamar a cultura desejada.
É preciso fazer as conexões acontecerem, mostrando a todo tempo na mídia interna exemplos claros do porquê vale a pena se comportar como manda a cultura desejada.
Portanto, mais poderoso, mais legítimo e infinitamente mais barato é mostrar o tempo todo o motivo das coisas e abusar da criatividade para dar vida e corpo ao que de fato é feito e vivido como cultura.
Já ouviu o velho clichê de que “cultura é algo que fica pendurado na parede”? Então, na hora de planejar a comunicação de cultura da sua empresa, esqueça as paredes! O que importa mesmo é o que se faz na prática.
O texto acima foi produzido por um parceiro Dialog, tendo seus direitos reservados. A Dialog não se responsabiliza pelo conteúdo deste artigo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores.
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